Projeto de Pesquisa e Estágio na APAE de Irecê - Bahia
“O exercício de qualquer
profissão é prático, no sentido de que se trata de aprender a fazer “algo” ou
“ação”. A profissão de professor também é prática. E o modo de aprender a
profissão, conforme a perspectiva da imitação, será a partir da observação,
imitação, reprodução e às vezes, reelaboração dos modelos existentes na prática
consagrados como bons.”
Selma
Garrido Pimenta
(Estágio e Docência,
2004, p. 35)
QUESTIONÁRIO
Prezado (a) professor (a), estamos realizando uma pesquisa sobre a APAE: Associação de Pais e Amigos Especiais, e para isso, gostaríamos de lhe pedir, encarecidamente, que por gentiliza, o senhor (a) respondesse a essas perguntas:
- Quais são as dificuldades para trabalhar a socialização das crianças, jovens e adultos especiais?
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- Quantas turmas existem na APAE? As crianças são separadas por faixa etária?
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- Em função das necessidades especiais distintas, há possibilidade de trabalhar a socialização das crianças coletivamente?
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- Quais as atividades desenvolvidas e suas funções específicas?
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- A nossa cidade apresenta um número considerado de crianças, jovens e adultos especiais recebendo a atenção necessária? Como nossos representantes podem oferecer mais atenção?
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PROJETO DE ESTÁGIO I
- ÁREA DE ESTUDO: Educação Especial e Ludicidade
- RECORTE TEMÁTICO: Interatividade e Ludicidade com alunos especiais da Apae (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) de Irecê-Ba.
- PÚBLICO-ALVO: Crianças e jovens portadores de necessidades especiais.
- CARGA-HORÁRIA: 20 horas.
- APRESENTAÇÃO: Este projeto tem por finalidade a implementação de oficinas de teatro, música e brincadeiras lúdicas, capazes de desenvolver competências e habilidades básicas e essenciais para o desenvolvimento cognitivo e a socialização dos alunos portadores de necessidade especiais, promovendo as adaptações que forem necessárias para o acompanhamento e atendimento das necessidades especiais apresentadas pelas crianças e jovens.
- CARACTERIZAÇÃO DA PROPOSTA DE ESTÁGIO: Sendo o estágio uma pesquisa, com a experiência em vivenciar o dia-a-dia dos alunos e da sala de aula, buscamos com esse projeto fazer oficinas em um espaço não formal, na Apae de Irecê, que através da proposta e de observações, o grupo constatou que é gratificante participar de uma educação inclusiva, lúdica, com crianças e jovens portadores de necessidades especiais e assim, formar uma nova perspectiva da prática pedagógica.
- JUSTIFICATIVA:
Partindo do pressuposto de que a Educação Inclusiva, através da
interatividade e da ludicidade, tem por finalidade a inserção de crianças
portadoras de necessidades especiais no ambiente escolar comum a todos,
entende-se que há imensas discussões que buscam chegar à verdadeira inclusão.
Diante dessa situação, têm-se observado como grande parte destas crianças,
adolescentes e jovens não tem acesso à rede regular de ensino, seja por não
aceitação da escola, ou por falta de estrutura escolar para receber a criança,
ou adolescente ou o jovem.
Assim são criados os centros de apoio e escolas especialmente para este
tipo de alunos. No ambiente da escola inclusiva, são criadas formas de ensino,
didáticas e orientações tanto aos alunos quanto aos pais.
Com base nessa problemática, surge a necessidade de auxiliar estas
escolas contribuindo na aplicação de didáticas que trabalhem com a capacidade
do aluno especial em utilizar o lúdico como um meio de comunicação, abstração e
compreensão do mundo que o cerca.
Diante do exposto, o trabalho com o teatro, música e brincadeiras
lúdicas, no ambiente de uma escola inclusiva, com a interatividade e a
ludicidade, é de fundamental importância para a abstração, pois essas
atividades aguçam a capacidade cognitiva dos alunos, desenvolvendo habilidades comunicativas,
aumenta a autoestima, além de propiciar relações interpessoais. Buscando
também, aproximar os alunos especiais para o universo acadêmico como incentivo
a uma educação de representação.
- OBJETIVOS:
8.1: GERAL:
Desenvolver
oficinas de teatro, música e brincadeiras lúdicas capazes de aguçar habilidades
e competências diversas nos alunos portadores de necessidades especiais.
8.2: ESPECÍFICOS:
·
Atender aos estudantes portadores de
necessidades especiais;
·
Desenvolver a aprendizagem coletiva;
·
Estabelecer formas criativas de aprendizagem;
·
Propiciar a valorização da identidade e da
autoestima;
·
Ajudar na identificação de potencialidades.
- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: De acordo com nossas observações, e com os
estudos precedentes sobre crianças portadoras de necessidades especiais, decidimo-nos
pela possibilidade de trabalhar a intervenção pedagógica a partir das
ideias de Vygotsky, onde a educação dá-se mediante com o professor na
realidade do aluno, cumprindo com as funções básicas de socialização entre
pensamento e linguagem. Abordaremos as questões a partir das propostas
lúdicas de oficinas de teatro, de músicas e brincadeiras lúdicas,
introduzindo novas formas e experiências futuras com os alunos,
contribuindo, assim para que a intervenção se alie à educação inclusiva. O
mais importante, porém, será dispensar à criança um tratamento que o
inserisse, na medida do possível, como sujeito de um mundo passível de
aprendizagem.
- METODOLOGIA:
10.1.POPULAÇÃO
AMOSTRA: Este projeto terá aplicabilidade de turmas de alunos portadores de
necessidades especiais, através dos alunos graduandos do V semestre do curso de
Letras da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus XVI – Irecê-Bahia.
10.2.INSTRUMENTO
DE PESQUISA: É todo material ou meios utilizados, como anotações, fotografias,
filmagens, para colher e reunir dados através de técnicas específicas para a
realização da pesquisa. Existem diversos instrumentos de coleta de dados que
podem ser utilizados para obter informações a cerca do fenômeno estudado.
Portanto, nesse projeto os oficineiros terão que preparar um ambiente adequado
para que os alunos sintam-se à vontade para familiarização, em seguida conhecer
as necessidades específicas dos alunos para propor atividades que alcancem as
peculiaridades de cada um.
- CRONOGRAMA:
Tema:
Interatividade e Ludicidade com alunos especiais
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Nº Ordem da aula
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Atividades
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Estratégias/Recursos
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04 horas
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Teatro com fantoche
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Apresentar diálogos interativos / Bonecos, etc.
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04 horas
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Brincadeiras lúdicas
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Interagir em rodas de diversão / Cadeiras, etc.
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04 horas
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Música
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Descontração / Cd, dvd, vídeos, etc.
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04 horas
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Peça Teatral
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Interpretação / Áudio, Figurinos, etc.
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Datas: 12, 13, 14 e
15 de março de 2012. Das 14:00 hs as 18:00 hs.
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- RECURSOS: Lápis, borracha, livros, quadro-negro, papel oficio, gravuras, cartolina, canetas, lápis de cor, figurinos, cenários, cadeiras, cd/dvd, outros.
RELATÓRIO
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO I
1. INTRODUÇÃO:
Diante os estudos de prática pedagógica, com suportes teóricos embasados
nos conceitos de Selma Garrido Pimenta, em seu livro “Estágio: diferentes concepções”, chegamos a conclusão da
importância, através da teoria e prática, de estudar a prática pedagógica como
forma de interagir nas funcionalidades diante nossas futuras posições como
professores.
A oficina surgiu da iniciativa em observar um espaço não formal, onde por
decisão do grupo, escolhes a APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) de
Irecê Bahia.
“O que significa ser profissional? Que profissional se quer formar? Qual
a contribuição da área na construção da sociedade humana, de suas relações e de
suas estruturas de poder e de dominação? Quais os nexos com o conhecimento
científico produzido e em produção?”
“Entendemos que o estágio se constitui com um campo de conhecimento, o
que significa um estatuo epistemológico que supera sua tradicional redução à
atividade prática instrumental. Enquanto campo de conhecimento, o estágio se
produz na interação dos cursos de formação com o campo social no qual se
desenvolvem as práticas educativas. Nesse sentido, o estágio poderá se
constituir em atividade de pesquisa." (PIMENTA, Selma Garrido).
Diante toda uma preocupação com a arte de ensinar, nos vimos na obrigação
de nos prepararmos de imediato, a partir do momento em que somos estudantes
para encarar a sala de aula com responsabilidade. Com isso, buscamos o contato
com os “alunos especiais” na intenção de ir ganhando o carisma, o cuidado, a
atenção necessária que o professor e aluno devem retribuir. O contato inicial
surge com muita espontaneidade, onde o espaço nos possibilita um ambiente
ungido de muita paz, amor e alegria.
2.
A OBSERVAÇÃO
Fundada em 20 de novembro de 2000, a APAE é uma associação civil,
filantrópica, de caráter educacional, cultural, de saúde, assistencial, de
estudo e pesquisa, desportiva e outras. Sem fins lucrativos, que tem como
objetivo promover e/ou estimular o desenvolvimento de programas de prevenção da
deficiência, de promoção, de proteção, de inclusão, de defesa, de direitos da
pessoa com deficiência, oferecendo Programas Educacionais adequados, fazendo-os
participar e realizar-se no meio em que vivem de acordo com seus interesses,
necessidades e possibilidades, favorecendo o seu desenvolvimento global e
visando a sua inclusão na sociedade.
A APAE de Irecê, apesar de existir a dez anos, não possui sede própria e
precisa arcar mensalmente com despesas de aluguel, água, telefone, luz,
alimentação, pessoal, entre outros. A instituição atende cerca de 200 crianças
e adolescentes de Irecê e Micro Região, todos com necessidades especiais. A
receita vêm de doações voluntárias, sócio-colaboradores, campanhas feitas pelas
comunidades, bingos, feijoadas e atividades realizadas pelos pais, funcionários
e colaboradores.
No primeiro dia de observação, fomos introduzidos numa sala de tamanho
mediano. A professora e mais três auxiliares trabalhavam com recortes, numa
mesa disposta em sentido lateral ao que se encontravam as crianças e
adolescentes de idades variáveis entre os oito aos dezessete anos. Havia apenas
uma garota de uns oito anos. Todos eles estavam sentados num grande tapete,
sobre o qual se encontravam algumas almofadas.
Nossa primeira atenção dirigiu-se aos adolescentes. Eles comportavam-se
alegremente, conversavam entre si, embora fosse visível que o comportamento
emocional não acompanhasse a idade biológica. Não obstante, eles eram observadores,
e notaram a peculiaridade de um colega nosso ser surdo e estar usando um
aparelho auditivo, fato que constatamos, inclusive o nosso colega de pesquisa,
pela troca de olhares e aceno de cabeça entre si.
Percebemos que seria fácil trabalhar com eles. Após ter anotado nosso
parecer, observamos a garota vestida com gosto apurado, muito bonita, com a
cabeça ladeada por duas tranças. Ela sentava-se ereta, com as pernas cruzadas
em posição de lótus da ioga. Pareceu-nos “normal”, até o instante em que ela
levou o dedo indicador ao nariz e, em seguida, à boca. Inferimos, não com certa
dúvida, que se tratasse de uma garota com autismo, levando em conta que a
deficiência é rara em meninas. Em espaços alternados, ela gesticulava os
braços, como se lembrando de algo ou exprimindo uma emoção repentina.
Em seguida, nossa atenção foi despertada por um garoto em cadeira de
rodas, sempre inquieto. Os traços de seu rosto eram suaves, o que despertava
carinho e atenção por parte do professor. Ele permanecia inquieto a maior parte
do tempo, e parecia indiferente às tentativas de comunicação realizadas pelos
professores. Um filme animado estava sendo exibido, e notamos que todos os
alunos mostravam-se interessados nele apenas quando surgia uma música,
especialmente o garoto da cadeira de rodas. Logo, soubemos que era autista, também.
Finalmente, havia mais dois garotos: um, aos fundos, calmo, mas indiferente.
Outro, sempre agitado e com certa agressividade, contida facilmente por
uma das auxiliares. Uma colega de curso disse-nos que os dois eram autistas.
Após o término dessas observações, nós, do grupo de observação, aproveitamos o
intervalo para socializar as conclusões a que chegamos.
É perceptível uma boa convivência entre todos os especiais. Todos
assistiam a um desenho animado sobre o natal, por ser o período natalino. Em
suas camisas, o slogan “SER DIFERENTE É NORAMAL” é estampado com muita nitidez
e brilho. O uso da TIC se faz presente como apoio metodológico da professora,
que os servem do vídeo, e no decorrer da programação, “uma das personagens
reconhece uma jovem que possui um blog e a cumprimenta e se apresenta”.
Existiu também um momento muito especial em que um dos especiais procura
a professora para brincar. Ambos brincam de mãos dadas, havendo assim um bom
convívio interacional. Outro aluno é carinho com a professora, beijando-a.
O espaço que os abrigam, é composto por direção, quadra esportiva,
cantina, salas de aula, centro de apoio especializado, com fisioterapia. Dispõe
também de alunos do EJA (Ensino de Jovens e Adultos), com sala diferenciada. No
total, são oito professoras, sete núcleos (salas), duas salas de
psicopedagogas, um almoxarifado, sala da coordenação, com planejamento
quinzenal. Uso dos primeiros socorros. O estudo é em cima da patologia
individual. É identificado alunos altistas, pintores (artistas).
Aula de artes. A professora ensina um coro musical, onde cada aluno
aprende a tocar um instrumento. Os alunos cantam e tocam as músicas “Peixe
Vivo” e “Como é grande o meu amor por você - (Roberto Carlos)”. A professora
realiza uma aula lúdica, envolvendo cada aluno em uma interpretação teatral. A
aluna Letícia, tenta consertar um brinquedo, o qual lhe serve de som para o
coro musical, tendo dificuldade, até o momento que um dos nossos colegas se
dispõe a ajudá-la e ela agradece, humildemente.
Foram gravados vídeos dos ensaios das
apresentações teatrais e musicais, para servir de material para uma
apresentação acadêmica da professora de artes. Tosos os alunos se comportam
alegremente em cada momento de nossas observações. As professoras mostram
grande capacidade de domínio, tanto no trabalho em grupo, como na atenção
individual, sem preconceitos e muito profissionalismo.
Concluímos que o teatro, a música e as brincadeiras lúdicas, no caso das
crianças autistas, seriam boas aliadas para trabalhar a interação e a
ludicidade. Faltava-nos, porém, rever os estudos que fundamentassem a nossa
teoria. Todos eram de conformidade que devíamos trabalhar de maneiras
diferentes a ludicidade para chegarmos a um resultado satisfatório.
Passamos assim, a produzir nosso trabalho com um foco na pesquisa
científica, voltado exclusivamente para os conceitos de teoria e prática e
também com aprofundamento em relação aos alunos portadores de necessidades
especiais, buscando conhecer algumas de suas patologias e encontrando caminhos
para atender com a atenção necessária os casos específicos.
Sabe-se que o desafio da
educação brasileira é o desenvolvimento de uma educação de qualidade, que tenha
como principal objetivo a inclusão reconhecendo as diferenças como forma de
enriquecimento do ensino-aprendizagem.
Neste sentido, surgiu a
ideia de promover oficinas na APAE – Irecê, no intuito de promover uma educação
inclusiva, além de vivenciar como se dá o processo de aquisição do conhecimento
com a convivência com alunos portadores de necessidades especiais.
Escolhemos esta
Instituição devido à possibilidade de um contato mais próximo com estas
crianças, pois, a Educação Regular não proporcionaria esta experiência, devido a
inclusão ainda não ser uma realidade nesse meio.
A partir das fases de
desenvolvimento das oficinas destacamos que
mesmo com suas limitações, as crianças com necessidades especiais,
disponibilizam de um potencial muito grande para o aprendizado, são atenciosas
e carinhosas.
Além disso, percebemos que os
centros específicos de apoio a estas crianças disponibilizam de toda uma
estrutura que atenda exclusivamente as peculiaridades destes alunos e orientam
também seus pais.
Através de constantes
observações percebemos que as crianças portadoras de necessidades especiais
necessitam não de um atendimento diferenciado, mas apenas de aproximação e
carinho, com isso, percebemos que a ludicidade seria o meio capaz de
proporcionar nestas crianças o desenvolvimento da autoestima, bem como a
aproximação, e a capacidade de abstração para a construção de habilidades
comunicativas.
Assim, nossas ações tiveram uma perspectiva de promover a inclusão de forma dinâmica e prazerosa,
através de brincadeiras lúdicas, músicas, teatro, etc. Percebemos que a
inclusão é possível, basta o educador disponibilizar de metodologias e
ferramentas inovadoras que atendam as peculiaridades das crianças portadoras de
necessidades especiais.
3. AS ATIVIDADES NA INSTITUIÇÃO
Depois das observações, tivemos como tarefa, a produção de um projeto de
intervenção, com o objetivo de usar métodos para serem aplicados com os alunos
através de uma oficina. Para isso, nos reunimos, e decidimos elaborar de
início, um formulário de perguntas para os professores, parte administrativa,
direção, no sentido de buscar respostas necessárias para aprofundar nossas
intervenções, com a aplicação de oficinas no local.
O formulário foi destinado especificamente aos professores da Associação,
com perguntas do tipo: Quais são as dificuldades para trabalhar a socialização
das crianças, jovens e adultos especiais? Quantas turmas existem na APAE? As
crianças são separadas por faixa etária? Em função das necessidades especiais
distintas, há possibilidade de trabalhar a socialização das crianças
coletivamente? Quais as atividades desenvolvidas e suas funções específicas? A
nossa cidade apresenta um número considerado de crianças, jovens e adultos
especiais recebendo a atenção necessária? Como nossos representantes podem
oferecer mais atenção?
Tivemos como título do projeto “Educação especial e Ludicidade”, com a
intenção de trabalhar a interatividade, a ludicidade, com crianças, jovens e
adolescentes especiais, no sentido de oferecer o teatro, a música e
brincadeiras lúdicas, capazes de desenvolver competências e habilidades básicas
e essenciais para o desenvolvimento de todos.
O primeiro dia teve como abertura um “Teatro de Fantoches”, onde surgiu a
ideia de levar um diálogo lúdico, onde estavam presentes três personagens: Beto,
amigo de Margarida, e o palhaço Paçoca, triste, apesar de levar a alegria. Os
alunos se envolveram no texto, prestando muita atenção, onde o silêncio reinou
durante todas as falas e apresentando reações hilárias, quando vinham como
intenção.
Houve o momento de brincadeiras lúdicas, apresentadas com o apoio de
materiais educativos, onde a música animou a todos e oferta de doces para
“gratificar” os participantes. Entre as brincadeiras, destaca a “Balão de Gás”,
onde eram chamados de dois em dois participantes para o centro da sala,
entregue balões de festas, e com o sinal de “valendo”, com o ritmo da música,
ambos deveriam encher os balões até quem conseguisse o estourar primeiro. Em
cada estouro, a alegria era estampada e brilho presentes nos olhos.
“Advinha o que é”, outra brincadeira lúdica, que tinha o propósito de
vendar os olhos de um por um dos participantes, exposto no centro da sala, e
lhe apresentando um objeto, onde através do tato, teria que dizer a que objeto
se referia. E também a “Dança das cadeiras”, com um círculo de cadeiras e outra
de participantes ao redor, sendo que, para o número de participantes, haveria
uma cadeira a menos, e ao som da música, todos deveriam rodar, e com o silêncio
da música, deveriam sentar-se, sobrando um, que seria eliminado, restando dois
participantes e uma cadeira, havendo um vencedor no final.
Tivemos também o momento de pintura, onde foi distribuído desenhos em
folhas de ofício A4, na intenção de existir uma pausa para a concentração
minuciosa, onde ao som de uma música suave, os especiais pintaram os desenhos
de forma colorida, dignos de uma perfeição admirável.
“A formação do professor, por sua vez, dar-se-á pela observação e
tentativa de reprodução dessa prática modelar; como um aprendiz que aprende o
saber cumulado. O estágio então, nessa perspectiva, reduz-se a observar os
professores em aula e a imitar esses modelos, sem proceder a uma análise
crítica fundamentada teoricamente e legitimada na realidade social em que o
ensino se processa.” (PIMENTA, Selma Garrido).
“A ação (cf. Sacristán, 1999) refere-se aos sujeitos, seus
modos de agir e pensar, seus valores, seus compromissos, suas opções, seus
desejos e vontade, seu conhecimento, seus esquemas teóricos de leitura do
mundo, seus modos de ensinar, de se relacionar com os alunos, de planejar e
desenvolver seus cursos, e se realiza nas práticas institucionais nas quais se
encontram, sendo por estas, determinados e nelas determinando. Se a pretensão é
alterar as instituições com a contribuição das teorias, é preciso compreender a
imbricação entre sujeitos e instituições, ação e prática.”
Sendo assim, tivemos a oportunidade de colocar em prática nossa teoria e
buscar uma teoria a partir da prática que aplicamos. Cada reação dos alunos, a
nossa própria descoberta como contribuintes no espaço não formal, mesmo diante
toda uma adaptação institucionalizada, que é a Associação, serviu-nos de
preparo para a vivência futura da sala de aula. O contato direto, a mensagem
transmitida, nasce em cada um de nós a certeza de que a educação é algo sério a
ser trabalhada, e que é preciso sim muito amor e dedicação, para se fazer um
trabalho digno e de qualidade.
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio como pesquisa na APAE revelou-nos um ineditismo da condição
humana. Tal como consta no slogan da APAE estampado nas camisetas dos alunos
especiais, somos iguais nas diferenças. Isso equivale dizer que, nas
diferenças, cada ser humano é único, traz consigo um bojo de experiências
pessoais que o tornam irrepetível perante os outros.
“O desafio é proceder ao intercâmbio, durante o processo formativo, do
que se teoriza e do que se pratica em ambas. Esse movimento pode ser melhor
realizado em uma estrutura curricular que supõe momentos para reflexão e
análise das práticas institucionais e das ações dos professores, à luz dos
fundamentos teóricos das disciplinas e das experiências de seus profissionais.”
(PIMENTA, Selma Garrido).
Um autista nunca é igual a outro.
Mesmo no misterioso mundo interior em que vive, cada um deles exprime no
comportamento o resultado de suas interações com o meio e o que o formou como
herança genética.
O mesmo se repete nas variadas condições excepcionais dos outros alunos.
Síndrome de Down, Dandy-Walker, entre outros, agem, em suas diferenças, como
qualquer ser humano. Podem ser tímidos, silenciosos, atentos, loquazes, sempre
dentro de suas limitações. É isso que deve ser trabalhado. É a partir dessa
percepção, do diferente nas diferenças, que surgem as diretrizes educacionais.
“Os estudos e pesquisas sobre o Estágio Supervisionado como componente
curricular têm se realizado de forma mais sistemática nos Encontros Nacionais
de Didática e Prática de Ensino – ENDIPE – e em apresentação de pesquisas e
trocas de experiências ocorridas nesses eventos. Tais estudos não são
desligados da realidade histórico-social que os sustenta, mas acompanham a
compreensão do Estágio no processo histórico dessa disciplina no Brasil. É
importante observar que a prática sempre esteve presente na formação do
professor (Pimenta, 1994:23).”
Essa experiência de estágio na APAE nos serviu para um crescimento
pessoal, profissional, no momento em que estamos aptos a dar continuidade na
pesquisa, nos servindo de exemplos para mostrar que o estágio é sim uma
pesquisa, e daí, é possível surgir um aprofundamento na área específica.
Estudar o comportamento humano, como a educação, é uma tarefa que nos
proporciona um retorno satisfatório pessoal e moral.
REFERÊNCIAS
BECKER,
Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos.
FÁVERO,
Eugência Augusta Gonzaga, 1969 – Aspectos legais e orientação pedagógica /
Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, Luísa de Marillac P. Pantoja, Maria Teresa
Eglér Mantoan. – São Paulo: MEC/SEESP, 2007. 60p. – (Atendimento educacional
especializado);
Filme: Como
Estrelas na Terra, toda criança é especial. Direção: Aamir Khan, Amole Gupte.
Produtor: Aamir Khan.
O
Behaviorismo. Transição do capítulo 3 do livro de BOCK, Ana; FURTADO, Odair e
Teixeira, Maria. Psicologias. Uma introdução ao estudo da Psicologia. São
Pualo: Saraiva, 1992. Pág. 38-47;
São Paulo
(SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica.
Referencial sobre avaliação da aprendizagem
de alunos com necessidades educacionais especiais / Secretaria Municipal de
Educação – São Paulo: SME / DOT, 2007.
¹ Discentes do Curso de
Letras, turma 2009.2, Universidade do Estado da Bahia - Departamento de
Ciências Humanas e Tecnológicas - Campus XVI – Irecê – BA. ludembergpereira@hotmail.com,
mariclau2001bsgb@gmail.com, milton.ocj@hotmail.com, soniamarlenefigueiredo@hotmail.com.
Um comentário:
Fantástico trabalho. É incrível quando nos propomos a fazer a diferença na vida de alguém. Gostaria de poder conversar com um dos responsáveis pelo trabalho, uma vez que sigo um projeto no mesmo intuito.
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