Linguagem Televisual
RESENHA
BALOGH, Anna Maria. Algumas Observações sobre a ‘Linguagem Televisual’ In: Conjunções, Disjunções, Transmutações: da literatura, ao cinema e à TV. São Paulo: Annablume, 2005.
“Anna Maria Balogh possui graduação em Letras pela Universidade de São
Paulo (1970), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São
Paulo (1980) e doutorado em Literaturas Estrangeiras Modernas - Universidad
Complutense de Madrid (1979). Livre-Docência em Cinema e Literatura na ECA/USP
(1991). Docente da graduação e da pós-graduação do departamento de Cinema,
Rádio, e TV da ECA/ USP durante a maior parte de sua carreira. Atualmente é
professora titular da Pós-Graduação em Comunicação e Mídia da Universidade
Paulista. Tem experiência na área de Ciências da Linguagem, com ênfase em
Teoria e Análise de Linguagens Visuais e Audiovisuais, sobretudo Cinema e TV,
atuando principalmente nestas áreas, sobretudo nos diferentes processos de
tradução e transmutação de linguagens”.
(https://sistemas.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=E7A0ACA4FD2E).
A linguagem, através de outros meios de comunicação, como a televisão,
transmitem conhecimentos capazes de oferecer mudanças e significados para o
público alvo. Na intenção de transmitir a imagem, os meios de comunicações, em
destaque a “linguagem televisual” garante ao público telespectador se envolver
com informações prévias vindas de outros meios, como o rádio, o cinema, as
histórias em quadrinhos, os vídeos-clips (distribuídos também com a televisão),
a internet, enfim. Todo esse processo de “cultura na tecnologia” possibilita ao
homem ter uma visão crítica do que realmente é construtor para o seu convívio e
também “desnecessário” para a sua formação, sua educação.
Ana Maria Balogh, no decorrer de suas compreensões, busca com esse
trabalho ter referências dentro da Linguagem Televisual, a ponto de fazer com
que o leitor se encontre diante de suas práticas televisivas, fazendo-o
perceber que sempre existe uma “intenção por parte do marketing”, e que ele “acaba”
sendo uma ferramenta à continuidade desse processo, uma vez que o telespectador
responde aos interesses da mídia, tendo em vista, na maioria das vezes, a
lucratividade como foco, e com isso, a autora oferece a oportunidade do leitor
se posicionar diante essas situações.
Os relatos, as notícias, os comerciais, ou seja, toda a programação
apresentada na televisão é resultado de uma intertextualidade da programação
anterior e posterior disponibilizada na emissora, diariamente e nos mesmos
horários. Essas repetições acabam que fazendo com que os telespectadores vivam “momentos
de rodas- gigantes”, e ainda “roubando” suas atenções.
Em tempos modernos, existe uma vasta preocupação por parte dos críticos
em reconhecer e fazer reconhecidos dos processos que tomam a tona. No caso a
televisão, usando da audiência, disponibiliza certo poder centralizado na
construção da personalidade do telespectador. O termo palimpsesto, muito usado
entre os críticos da análise televisual, significa entender:
“A televisão não apaga nunca o texto
primitivo e as novas produções não conseguem ocultar as marcas do texto
subjacente que pervive além das mudanças políticas e gerenciais”. (VILCHES,
1984, n.9, p.69).
Esse processo representa uma estratégica sincrónica e diacrônica no que
se refere à programação televisual. Termo muito usado, porém pouco definido.
“Buscar a palavra onde há silêncio,
encontrar o gesto onde se registra a ausência. Uma imagem arquetípica para a
leitura do mundo. Pergaminho do qual se apagou a primeira escritura para
reaproveitamento por outro texto”.
(http://colecionadoradepalavras.blogspot.com/).
O teórico afirma ainda
que a série reponde à demanda do palimpsesto:
“As estruturas de programação fixa da
televisão, devido a que, determinada uma série, esta será substituída por outra
de características similares a fim de não desequilibrar as percentagens do
gênero pré-estabelecidas”. (Idem, p. 59).
Na intenção de “sustentar a televisão”, denomina-se a serialidade como
uma forma industrial de produção e a fragmentação como uma forma de veicular a
mensagem para pagar as inúmeras horas no ar, com as interrupções de programa
para programa, usando sempre dos intervalos para os comercias. Todo esse
processo de continuidade se destaca pela necessidade que a mídia tem em levar
um discurso convincente ao público, usando de uma ideologia capaz de fazer
acreditar e de oferecer preceitos. Com isso, a TV passa a dar continuidade ao
que de fato a Literatura viveu no Modernismo, com o folhetim, no propósito de
levar a notícia à diante.
As imagens videográficas, usando o vídeo doméstico como reprodução a
novos meios, foi criado de uma nova estética, com uma reprodução na imprensa,
na fotografia, na gravura, vindos de uma representação neobarroca e agora,
dando sequência nos formatos, a exemplo dos seriados americanos, onde o
telespectador brasileiro tem influência inicial. No Brasil, destaca-se a
minissérie Carga Pesada, fazendo
parte da história brasileira televisiva e, a novela, apresentada diariamente em
horários nobres, usando o drama, a comédia, abrangendo uma grande quantidade de
telespectadores, onde se discute temas de mais diversos fatores políticos e
sociais.
A autora cita uma das obras de grande importância e significação para a
história de Literatura Brasileira: Grande
Sertão Veredas, de João Guimaraes Rosa, fazendo referências a minissérie “GSV”,
distribuída em duas aberturas, usando as abreviações do nome da obra como
título. É visto uma particularidade entre os protagonistas Riobaldo e Diadorim,
com envolvimentos em uma história de relações secretas, de olhares e encantos.
Usando a característica dos PNs (programas narrativos) nessa linguagem
televisual, a representação da minissérie (GSV) propõe ao telespectador se
envolver nos momentos de abertura e fechamento do romance, quando é apresentado
o primeiro momento de conquista amorosa e o segundo momento de vingança
guerreira, assim, se percebe o quanto que a TV usa de sua fragmentação para
envolver o telespectador.
Em destaque as vinhetas, a televisão usa um discurso com foco na continuidade
da audiência. Longe de não perder a atenção do púbico, a Rede Globo, como
exemplo de grande emissora mundial brasileira, na oferta de programas,
minisséries, novelas, todos com fortes marcas em pontos de audiências,
apresenta exemplos de que o poder se centraliza diante ao número
proporcionalmente incalculável de público, entre todas as faixas etárias, desde:
a criança, o adolescente, o jovem, o adulto e até mesmo à terceira idade,
tendo-os como fiéis a uma audiência garantida, quando disponibiliza uma
programação “eclética”, abrangendo todos os “desejos e gostos”, em horários
marcados e inadiáveis.
Fazer uma avaliação no suporte televisual garante uma análise da
literatura em referência a sua obra prima: a linguagem. Seja a história real,
comentada, ficcional, tem toda uma liberdade de formas de interpretações. Os
programas televisuais são apresentados em maiores tempos, mais do que as obras
fílmicas e as obras literárias, existindo assim uma adaptação intersemiótica e
uma tradução, fugindo da originalidade e ganhando sempre vivacidades.
Toda linguagem televisual leva a uma expansão narrativa e discursiva, uma
vez que, o narrar é fluxo de uma continuidade centralizadora e o discurso é
fruto de uma avaliação, uma reorganização. “A
linguagem televisual sempre abusou notoriamente do close, dos olhares dos
atores, privilegiou as relações próximas entre personagens” (BALOGH, 2005,
p. 155).
As isotopias, amor e guerra, presentes
na abertura da minissérie GSV (enfatizando a questão da lealdade entre Riobaldo
e Diadorim), possibilita compreender que o programa televisual, a novela, pode apresentar
duas intenções, duas aberturas, surgindo assim, novas interpretações, novos
rumores.
A adaptação televisual oferece dependências diversas em vista ao cinema,
uma vez que a imagem telegrafada é própria de uma intervenção, de uma montagem,
por conta de todo um processo organizacional.
O presente conteúdo, disponibilizado por Anna Maria Balogh, a respeito da
Linguagem Televisual, é dedicado aos
estudantes do curso de Letras e também de Comunicação Social, como demais
professores, educadores, entre todos fluentes da literatura e pesquisadores das
palavras, que visam uma compreensão e um discurso sobre a especificidade da
representação que a Televisão oferece em termos de capacitação e melhoramento
ao processo funcional de cultura.
Em destaque, é valorizado e sugerido também a todo público da obra que
ganhou através de uma linguagem ampla, porém complexa, uma quantidade
representativa de admiradores no contexto de literatura brasileira: Grande Sertão Veredas (João Guimaraes Rosa),
com foco específico da minissérie GSV apresentada na TV em paralelo à mesma obra
literária, publicada, existindo assim, a grandeza de poder trabalhar em cima de
uma intertextualidade, adaptada em minissérie para a televisão.
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