sábado, 24 de setembro de 2011

Linguagem Televisual


Linguagem Televisual

RESENHA

BALOGH, Anna Maria.  Algumas Observações sobre a ‘Linguagem Televisual’ In: Conjunções, Disjunções, Transmutações: da literatura, ao cinema e à TV. São Paulo: Annablume, 2005.

Ludemberg Pereira Dantas

“Anna Maria Balogh possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1970), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em Literaturas Estrangeiras Modernas - Universidad Complutense de Madrid (1979). Livre-Docência em Cinema e Literatura na ECA/USP (1991). Docente da graduação e da pós-graduação do departamento de Cinema, Rádio, e TV da ECA/ USP durante a maior parte de sua carreira. Atualmente é professora titular da Pós-Graduação em Comunicação e Mídia da Universidade Paulista. Tem experiência na área de Ciências da Linguagem, com ênfase em Teoria e Análise de Linguagens Visuais e Audiovisuais, sobretudo Cinema e TV, atuando principalmente nestas áreas, sobretudo nos diferentes processos de tradução e transmutação de linguagens”. (https://sistemas.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=E7A0ACA4FD2E).

A linguagem, através de outros meios de comunicação, como a televisão, transmitem conhecimentos capazes de oferecer mudanças e significados para o público alvo. Na intenção de transmitir a imagem, os meios de comunicações, em destaque a “linguagem televisual” garante ao público telespectador se envolver com informações prévias vindas de outros meios, como o rádio, o cinema, as histórias em quadrinhos, os vídeos-clips (distribuídos também com a televisão), a internet, enfim. Todo esse processo de “cultura na tecnologia” possibilita ao homem ter uma visão crítica do que realmente é construtor para o seu convívio e também “desnecessário” para a sua formação, sua educação.
Ana Maria Balogh, no decorrer de suas compreensões, busca com esse trabalho ter referências dentro da Linguagem Televisual, a ponto de fazer com que o leitor se encontre diante de suas práticas televisivas, fazendo-o perceber que sempre existe uma “intenção por parte do marketing”, e que ele “acaba” sendo uma ferramenta à continuidade desse processo, uma vez que o telespectador responde aos interesses da mídia, tendo em vista, na maioria das vezes, a lucratividade como foco, e com isso, a autora oferece a oportunidade do leitor se posicionar diante essas situações.
Os relatos, as notícias, os comerciais, ou seja, toda a programação apresentada na televisão é resultado de uma intertextualidade da programação anterior e posterior disponibilizada na emissora, diariamente e nos mesmos horários. Essas repetições acabam que fazendo com que os telespectadores vivam “momentos de rodas- gigantes”, e ainda “roubando” suas atenções.
Em tempos modernos, existe uma vasta preocupação por parte dos críticos em reconhecer e fazer reconhecidos dos processos que tomam a tona. No caso a televisão, usando da audiência, disponibiliza certo poder centralizado na construção da personalidade do telespectador. O termo palimpsesto, muito usado entre os críticos da análise televisual, significa entender:
“A televisão não apaga nunca o texto primitivo e as novas produções não conseguem ocultar as marcas do texto subjacente que pervive além das mudanças políticas e gerenciais”. (VILCHES, 1984, n.9, p.69).

Esse processo representa uma estratégica sincrónica e diacrônica no que se refere à programação televisual. Termo muito usado, porém pouco definido.
“Buscar a palavra onde há silêncio, encontrar o gesto onde se registra a ausência. Uma imagem arquetípica para a leitura do mundo. Pergaminho do qual se apagou a primeira escritura para reaproveitamento por outro texto”. (http://colecionadoradepalavras.blogspot.com/).

            O teórico afirma ainda que a série reponde à demanda do palimpsesto:
“As estruturas de programação fixa da televisão, devido a que, determinada uma série, esta será substituída por outra de características similares a fim de não desequilibrar as percentagens do gênero pré-estabelecidas”. (Idem, p. 59).

Na intenção de “sustentar a televisão”, denomina-se a serialidade como uma forma industrial de produção e a fragmentação como uma forma de veicular a mensagem para pagar as inúmeras horas no ar, com as interrupções de programa para programa, usando sempre dos intervalos para os comercias. Todo esse processo de continuidade se destaca pela necessidade que a mídia tem em levar um discurso convincente ao público, usando de uma ideologia capaz de fazer acreditar e de oferecer preceitos. Com isso, a TV passa a dar continuidade ao que de fato a Literatura viveu no Modernismo, com o folhetim, no propósito de levar a notícia à diante.
As imagens videográficas, usando o vídeo doméstico como reprodução a novos meios, foi criado de uma nova estética, com uma reprodução na imprensa, na fotografia, na gravura, vindos de uma representação neobarroca e agora, dando sequência nos formatos, a exemplo dos seriados americanos, onde o telespectador brasileiro tem influência inicial. No Brasil, destaca-se a minissérie Carga Pesada, fazendo parte da história brasileira televisiva e, a novela, apresentada diariamente em horários nobres, usando o drama, a comédia, abrangendo uma grande quantidade de telespectadores, onde se discute temas de mais diversos fatores políticos e sociais.
A autora cita uma das obras de grande importância e significação para a história de Literatura Brasileira: Grande Sertão Veredas, de João Guimaraes Rosa, fazendo referências a minissérie “GSV”, distribuída em duas aberturas, usando as abreviações do nome da obra como título. É visto uma particularidade entre os protagonistas Riobaldo e Diadorim, com envolvimentos em uma história de relações secretas, de olhares e encantos.
Usando a característica dos PNs (programas narrativos) nessa linguagem televisual, a representação da minissérie (GSV) propõe ao telespectador se envolver nos momentos de abertura e fechamento do romance, quando é apresentado o primeiro momento de conquista amorosa e o segundo momento de vingança guerreira, assim, se percebe o quanto que a TV usa de sua fragmentação para envolver o telespectador.
Em destaque as vinhetas, a televisão usa um discurso com foco na continuidade da audiência. Longe de não perder a atenção do púbico, a Rede Globo, como exemplo de grande emissora mundial brasileira, na oferta de programas, minisséries, novelas, todos com fortes marcas em pontos de audiências, apresenta exemplos de que o poder se centraliza diante ao número proporcionalmente incalculável de público, entre todas as faixas etárias, desde: a criança, o adolescente, o jovem, o adulto e até mesmo à terceira idade, tendo-os como fiéis a uma audiência garantida, quando disponibiliza uma programação “eclética”, abrangendo todos os “desejos e gostos”, em horários marcados e inadiáveis.
Fazer uma avaliação no suporte televisual garante uma análise da literatura em referência a sua obra prima: a linguagem. Seja a história real, comentada, ficcional, tem toda uma liberdade de formas de interpretações. Os programas televisuais são apresentados em maiores tempos, mais do que as obras fílmicas e as obras literárias, existindo assim uma adaptação intersemiótica e uma tradução, fugindo da originalidade e ganhando sempre vivacidades.
Toda linguagem televisual leva a uma expansão narrativa e discursiva, uma vez que, o narrar é fluxo de uma continuidade centralizadora e o discurso é fruto de uma avaliação, uma reorganização. “A linguagem televisual sempre abusou notoriamente do close, dos olhares dos atores, privilegiou as relações próximas entre personagens” (BALOGH, 2005, p. 155).
 As isotopias, amor e guerra, presentes na abertura da minissérie GSV (enfatizando a questão da lealdade entre Riobaldo e Diadorim), possibilita compreender que o programa televisual, a novela, pode apresentar duas intenções, duas aberturas, surgindo assim, novas interpretações, novos rumores.
A adaptação televisual oferece dependências diversas em vista ao cinema, uma vez que a imagem telegrafada é própria de uma intervenção, de uma montagem, por conta de todo um processo organizacional.
O presente conteúdo, disponibilizado por Anna Maria Balogh, a respeito da Linguagem Televisual, é dedicado aos estudantes do curso de Letras e também de Comunicação Social, como demais professores, educadores, entre todos fluentes da literatura e pesquisadores das palavras, que visam uma compreensão e um discurso sobre a especificidade da representação que a Televisão oferece em termos de capacitação e melhoramento ao processo funcional de cultura.
Em destaque, é valorizado e sugerido também a todo público da obra que ganhou através de uma linguagem ampla, porém complexa, uma quantidade representativa de admiradores no contexto de literatura brasileira: Grande Sertão Veredas (João Guimaraes Rosa), com foco específico da minissérie GSV apresentada na TV em paralelo à mesma obra literária, publicada, existindo assim, a grandeza de poder trabalhar em cima de uma intertextualidade, adaptada em minissérie para a televisão.

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