Relações entre literatura e música popular brasileira;
pontos de contatos entre a poesia concreta e a música popular brasileira.
Ludemberg Pereira Dantas
Sempre em processo de transformação, a Literatura passa por intermédio de sua linguagem a oferecer opções capazes de mostrar com a música popular brasileira, uma integração, ou seja, manifestações artísticas infinitamente ricas, com o uso de som e o jogo de palavras, na formação de mensagens conscientes e inconscientes, transmitidas pelo autor através de sua letra.
A música, no seu desenvolvimento sonoro, com sua linguagem abrangente, se realiza por intermédio de uma discursão de determinantes ideológicos, com a visão do autor sobre si mesmo ao mundo. Na MPB, se percebe uma história da música brasileira no seu desenvolvimento intelectual, onde o jazz, a bossa nova e o tropicalismo se fazem presentes marcando um início de toda uma repercussão do que o país poderia representar e continuar oferecendo uma cultura alta capaz de despertar atenção e intelectualidade.
Vinicius de Moraes, grande nome da música popular brasileira, migrou do
livro para a canção, fazendo com que o sua literatura se tornasse som para uma
quantidade representativa de público. O tropicalismo vem como uma discursão da
realidade em forma de canção. A bossa nova apresenta a beleza, a suavidade a
perfeição. Assim, se vê que existiu uma quebra de fronteiras entre a poesia e a
música, apresentando como um saber, um modo de pensar a música no Brasil, ou
seja, uma relação com a poética, onde se tem uma música e um diálogo com a
literatura.
Poesia e música não se separam, a exemplo do tropicalismo. O compositor,
que não deixa de ser um poeta, pega suas ideias e as transformam em canções,
isso faz com que a literatura sempre esteja presente no meio cultural, fazendo
uso também da intertextualidade.
A poesia concreta, como uma renovação da poesia de 1945, com João Cabral
de Melo Neto, faz uma relação entre poesia e cidade. Abrangendo a poesia de
1922, tem se relação com o “Rock Rol”, surgindo uma crítica como “uma poesia
vista como coisa de garotos irresponsáveis”, existindo assim uma ruptura com o
sentimentalismo na poesia, característica também muito presente na música
popular brasileira.
Com uma vista bastante focalizada, a poesia concreta está presente nas
diversas construções de cidades históricas, como Brasília, que dispõe de uma
arquitetura bastante concretista, onde o visual apresenta uma significação
capaz de oferecer a experiência de viver nos grandes centros urbanos.
O tropicalismo bebe elementos da poesia concreta, a qual se classifica
também como possibilidade de reinvenção na forma de se fazer poesia, sempre
existindo um diálogo com outras artes. Poesia e objeto: onde o registro é fruto
de uma fotografia que se tem da imagem. Verso em imagem: outra forma de
consumir a poesia. Toda uma poesia é uma imagem. A poesia tem quer ser simples
e tem que tocar. A forma é conteúdo e vice-versa. A mistura traz toda motivação
do poeta, e assim é com a poesia concreta, que, presente na arquitetura do
século XX, tem-se um objeto dentro da cidade capaz de representar
possibilidades de interpretação e envolvimento, ou seja, outra forma de
consumir a poesia.
Portanto, se conclui que a literatura apresenta formas de interagir com
as outras artes, na intenção de oferecer novos conceitos de linguagem seja ela
escrita, sonora, esculpida, possibilitando com a MPB e a poesia concreta, novos
signos linguísticos.
Referências
Bibliográficas:
- WISNIK, José Miguel. Sem Receita: ensaios e canções. São Paulo: Publifolha, 2004;
- Poesia concreta / seleção de textos, notas,
estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Lumna Maria
Simon, Vinícius de Avila Dantas. – São Paulo: Abril Educação, 1982.
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