segunda-feira, 11 de julho de 2011

Construção de um novo modo de ensinar/aprender a Língua Portuguesa

Texto: Construção de um novo modo de ensinar/aprender a Língua Portuguesa. (Pg.: 65-77).

Ludemberg Pereira Dantas 
FICHAMENTO



GERALDI, João Wanderlei. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação / João Wanderlei Geraldi – Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção Leituras no Brasil).

  1. As Diretrizes para o Aperfeiçoamento do Ensino / Aprendizagem da Língua Portuguesa, elaboradas pela Comissão Nacional nomeada pelo Ministério da Educação (MEC, 1986), sugerem um ensino centrado em três atividades: a prática da leitura de textos, a prática da produção de textos e a prática de análise de textos e a prática de análise linguística;
  1.  As relações de ensino constituem-se nos processos interativos de sala de aula, entre professor/alunos, e, na emergência destes acontecimentos, modificam-se os sujeitos envolvidos pela compreensão dos objetos e temas sobre que se debruçam, e que se constroem como os verdadeiros “conteúdos”, previstos ou não, da relação pedagógica;
  1. A forma com tem sido vista na escola, a tarefa de ensinar adquire algumas características (linear, unilateral, estática), porque, do lugar em que o professor se coloca (e é colocado), ele se apodera (não se apropria) do conhecimento, pensa que possui e pensa que sua tarefa é precisamente dar o conhecimento a criança;
  1. Mas do que ver a linguagem como uma capacidade humana de construir sistemas simbólicos, concebe-se a linguagem como uma atividade constitutiva, cujo lócus de realidade é interação verbal;
  1. Nascemos num mundo onde muitos eus e muitos tus já se encontraram;
  1. A língua dar-se para cada um de nós os sentidos das coisas, das gentes e de suas relações;
  1. A língua não é um sistema fechado, pronto, acabado, de que poderíamos nos apropriar. No próprio ato de falarmos, de nos comunicarmos como autores, pela forma como o fazemos, estamos participando, queiramos ou não, do processo de constituição da língua;
  1. Entendamos o sentido com que estamos usando a expressão palavra. Por certo, trata-se de cada item lexical; mais trata-se de muito mais;
  1. A variedade linguística que aprendemos é aquela falada no grupo social de que fazemos parte;
  1. Aprender uma variedade linguística é também aprender um sistema de referencias. Esta variedade é aquela falada pelo grupo social que detém o poder (econômico, politico e social);
  1. Os modos das crianças de compreender o mundo e sobre ele falar são diferentes dos modos a que se habituara nos convívios de que participou;
  1. O mesmo que fala diferente é capaz de compreender (e relatar) textos (uma novela, por exemplo) expressos na variedade considerada certa (dialeto padrão culto);
  1. Como a unidade comunicacional é o texto (que pode ser uma palavra ou uma obra completa), e como a sociedade é complexa, diferentes tipos de textos nele circulam;
  1. Numa sociedade como a nossa, fundamentalmente oral, convivemos muito mais com textos orais do que com textos escritos;
  1. A oralidade é uma das características de nossa cultura. Nem por isso, no entanto, podemos nos restringir a esta modalidade linguística em nossas relações;
  1. A vida daquele que não sabe ler, numa sociedade letrada, torna-se mais espinhosa e esta sempre dependendo de outro capaz de lhe transmitir as informações de que precisa para sobreviver em sua própria cidade;
  1. Aprender a ler é, assim, ampliar as possibilidades de interlocução com pessoas que jamais encontraremos frente a frente e, por interagirmos com elas, sermos capazes de compreender, criticar e avaliar seus modos de compreender o mundo, as coisas, as gentes e suas relações. Isto é ler. E escrever é ser capaz de colocar-se na posição daquele que registra suas compreensões para ser lidos por outras e, portanto, com eles interagir;
  1. Centrar o ensino no texto é ocupar-se e preocupar-se com o uso da língua. Trata-se de pensar a relação de ensono com o lugar de práticas de linguagem e a partir delas, com a capacidade de compreendê-las, não para descrevê-las como az o gramático, mas para aumentar as possibilidades de uso exitoso da língua;
  1. Ninguém é mais capaz de dominar o conhecimento global disponível. Mas também não temos com as coisas uma relação mágica: sabemos que as coisas podem ser explicadas ou poderão ser explicadas um dia (há muito, a saber, sobre o mundo);
  1. Ninguém precisa tornar-se especialista em tudo;
  1. Ninguém lê pelo leitor, ninguém escreve pelo autor. E para o aluno tornar-se leitor e autor de seus textos não há regra única, porque depende das relações de interlocução que se estabelecem nas diferentes leituras e nos diferentes momentos de produção de textos que, enquanto tais, respondem a objetivos e buscam seus leitores;
  1. A relação de ensino, ao contrário da tarefa de ensinar, pauta-se pelo processo interativo entre sujeitos, onde um e outro podem tomar a palavra constituindo-se como locutor;
  1. Uma educação cujo objetivo essencial é “aprender a aprender”, o que demanda ação do sujeito que aprende, produzindo saberes e conhecimentos sobre sua própria realidade, sendo capaz de, na área da língua, ler e produzir textos;
  1. A ficção: a narrativa com relato de um vivido possível;
  1. A verdade do relato: objetividade e subjetividade;
  1. O poder do discurso;
  1. A fala do outro: discurso direto/discurso indireto, consequências sintáticas;
  1. Uso do dicionário;
  1. É preciso que as aulas e suas sequências sejam capazes por um lado, de considerar o saber do próprio aluno (porque ele é já falante da língua) e por outro lado criar as condições mais favoráveis para o exercício da língua (principalmente em sua modalidade escrita);
  1. Nas sequências das aulas, textos de alunos são objetos de reflexão, explorando diferentes possibilidades de reescrita de textos. 
CONCLUSÃO:

             O presente texto possibilita ao leitor uma compreensão do ato de ensinar e aprender com o estudo da Língua Portuguesa. Geraldi apresenta a sala de aula e a escola como espaços de interação entre professor e aluno, onde o aluno pode ir de encontro a um universo de descobertas, tendo no professor suporte a caminho de novas perspectivas. Um texto acadêmico para auxílio na formação de alunos em licenciatura de pedagogia e letras. O autor pretende que o leitor possa se deparar com uma experiência da qual venha a ser sua tarefa e o papel do qual deverá apresentar no seu dia-a-dia. É visto que a argumentação presente no conteúdo veio de experiências e objetivos em se investir sempre na formação do professor. Mostra a importância da linguagem presente no meio social e da necessidade em saber ler e escrever. O texto como fundamento de uso correto da língua. Com argumentos convincentes, João Wanderlei Geraldi disponibiliza esse material na intenção de que haja mudanças significativas na educação, a ponto que, aluno, professor, sala de aula, escola, possam sempre andar de “mãos dadas”, formando um grupo social capaz de mostrar uma sociedade de valores.

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