segunda-feira, 22 de setembro de 2014

RELAÇÃO ENTRE CURRÍCULO, FORMAÇÃO E SOCIEDADE PRESENTES NO FILME "QUASE DEUSES"

RELAÇÃO ENTRE CURRÍCULO, FORMAÇÃO E SOCIEDADE PRESENTES NO FILME "QUASE DEUSES"


Ludemberg Pereira Dantas
Mauro Jakes Farias de Cruz
Mariza da Silva Cardoso

Em anos recentes, são várias as discussões travadas no campo do currículo e sua relação com a construção de saberes e formação dos sujeitos. Partindo do entendimento amplamente aceito hoje, de que a “formação” é um processo complexo que ocorre em todos os lugares e aspectos da vida, desde o nascimento no círculo familiar, até a cultura social do grupo em que se está inserida e não somente nos espaços formais de ensino, torna-se necessário que o conceito tradicional de currículo seja repensado e analisado de forma profunda, levando em consideração a relevância de outros fatores envolvidos no processo de formação, como por exemplo, a relevância dos saberes construídos culturalmente nos mais variados âmbitos da vida humana.

O objetivo deste presente trabalho será fazer uma conexão entre a Teoria Crítica do Currículo em Giroux (1997) e a relação com as questões de educação, currículo e sociedade presentes no enredo do filme Quase Deuses.

Lançado no ano de 2005, o filme Quase Deuses, de produção de Joseph Sargent trás no seu bojo várias discussões de grande relevância social e de cunho sociológico. A trama se desenrola na década de 1930, período de intensa crise da conjuntura política e social do mundo mergulhado na II Guerra Mundial.

Além de trazer à baila questões como a segregação racial, preconceito feminino, a tensão do ambiente científico de pesquisa e o recorte histórico de uma das maiores crises vivido pelo sistema capitalista, entre outras, o filme provoca uma reflexão profunda sobre o Currículo na educação superior, sua importância e funcionalidade na formação e constituição do sujeito enquanto profissional capaz.
Narrando a história real de Vivian Thomas, um homem negro que sempre enfrentou dificuldade em decorrência do preconceito de raça e que almejava com todas as suas forças entrar na faculdade de medicina, o filme coloca em questionamento até que ponto os conhecimentos organizados em disciplinas estanques no currículo oficial dos diversos cursos de formação acadêmica são mesmo “indispensáveis”, “necessários” e “suficientes”.

O filme trás essa discussão em torno do currículo velada em todo o seu roteiro, ao demonstrar como Vivian Thomas, um homem de grande Inteligência, extremamente autodidata e possuidor de habilidades incríveis, encontra emprego como zelador no laboratório do Dr. Alfred, um médico de renome, especialista e pesquisador na área de cirurgia torácica e traumas no coração e pulmão. Logo as diversas habilidades e qualidades de Vivian chamam a atenção de Dr. Alfred que decide inseri-lo no ambiente de pesquisa e experimentação de técnicas inovadoras de cirurgias cardíacas em cães. De forma surpreendente, Vivian que já possuía conhecimentos e técnicas pré- adquiridos na sua experiência de vida (currículo oculto), absorve-se ainda mais pelo conhecimento científico e lançando mãos dessas habilidades desenvolvidas desde a sua infância (com o pai carpinteiro) torna-se técnico auxiliar e assistente de cirurgia de Dr. Alfred, chegando mesmo a superá-lo na elaboração e estruturação dos esquemas dos procedimentos adotados nas incisões cirúrgicas. Apesar de ter sido a peça principal na execução da revolucionária técnica da primeira cirurgia cardíaca de peito aberto, mais popularizado na história da medicina como a cura da Síndrome do Bebê Azul, o filme mostra em todo o seu roteiro a luta de Vivian pelo reconhecimento dos seus conhecimentos e contribuição no meio da academia científica e médica. O fato de nunca ter frequentado uma universidade e não ter o título de Doutor faz com que todo o mérito obtido pelo sucesso da técnica adotada na cirurgia, método que teve como principal mentor o próprio Vivian, seja na verdade atribuído ao Dr. Alfred, fato que deixa Vivian Thomas completamente decepcionado. Finalmente, apenas depois de muita luta, no fim do enredo seus conhecimentos e méritos são reconhecidos e é concedido a ele o título honorário de Doutor.

De forma profundamente sensível, a história de Vivian Thomas coloca em cheque a relevância e significado dos conhecimentos organizados nos currículos empregados e colocados como essenciais nos diversos cursos de formação. Todos os “doutores” que apareceram na história narrada foram surpreendidos com um simples homem que jamais havia estado no universo acadêmico de uma sala do curso de medicina, e que, apesar disso, revolucionou o campo médico e por que não dizer a história mundial da medicina. Isso faz-nos questionar sobre se os conhecimentos em torno do repasse e assimilação de “conceitos” e “técnicas” frias e sem conexão com a vida prática não seriam o fator determinante na má formação dos sujeitos profissionais e sociais.

Percebe-se, que a aprendizagem do jovem Vivian, se deu fora do que estava estabelecido no currículo do curso de medicina e da estrutura da faculdade. Demonstra que neste caso, o professor subverteu as normas do currículo, o que, segundo Giroux (1997), as “ideologias instrumentalistas”, muitas vezes ameaçam a autonomia do professor, deixando de contextualizar a realidade e de potencializar a capacidade do aluno.

O potencial do jovem, reconhecido pelo professor, confirma o quanto a contextualização da prática educativa favorece a descoberta de novos conhecimentos, confirmando o que este autor determina os professores como “intelectuais transformadores”, (Giroux, 1997), que tem a capacidade de provocar transformações tanto na sua metodologia de ensino, no contexto de sua escola, bem como na sociedade, quando este desenvolve uma prática reflexiva.

Retomando a história real apresentada no filme “Quase Deuses”, entende-se o quanto a prática daquele professor e do estudante provocou transformações importantes naquele contexto. Uma vez que o índice de morte de crianças naquele país por causa dos problemas cardíacos era alarmante, e diante do estudo dos dois pesquisadores, esta realidade foi modificada.
A prática deste professor além de romper com os padrões estabelecidos pela universidade quebra o preconceito vivenciado pelo jovem Vivian, por ser pobre, negro e por não ter passado pelas aulas da universidade. Todavia seu aprendizado transforma aquela realidade de preconceito, descriminação, dentre outros fatores.

Outra afirmação importante de Giroux (1997) é quando ele diz que “o ensino não pode ser reduzido ao simples treinamento de habilidades práticas, mas que, em vez disso, envolve a educação de uma classe de intelectuais vital pra o desenvolvimento de uma sociedade livre,”. Assim sendo, a educação tem um papel importante no processo de transformação das pessoas, independentemente da cor ou classe social. Ela precisa ser experimentada sempre na perspectiva de que todo tipo de ideologia dominante ou de opressão seja quebrada.

Em consideração as teorias de Henry A. Giroux em “Professores como intelectuais transformadores (1997)” percebe-se a grandeza do professor diante o seu papel de ensinar. No filme, é perceptível que um orientador não pode se recusar a receber estímulos para desenvolver habilidades em seu aluno, uma vez que Vivian não detém de uma formação acadêmica necessária para a prática da medicina, e o Dr. Alfred percebe a grandeza intelectual presente no carpinteiro, vinda de muito estudo e dedicação. Isso remete a ideia de que é necessário acreditar no potencial do aluno, uma vez que ele está disposto a aprender e produzir, e recebendo orientações, investimento e credibilidade, se tem grandes resultados.

Quando Giroux defende que o professor tem que desenvolver-se com suas habilidades, sua intelectualidade percebe-se que o crescimento do aluno e seu aprendizado estão além das concepções teóricas, além dos parâmetros exigidos nos currículos tradicionais. Segundo ele:

Primeiramente, eu acho que é imperativo examinar as forças ideológicas e materiais que têm contribuído para o que desejo chamar de proletarização do trabalho docente, isto é, a tendência de reduzir os professores ao status de técnicos especializados dentro da burocracia escolar, cuja função, então, torna-se administrar e implementar programas curriculares, mais do que desenvolver ou apropriar-se criticamente de currículos que satisfaçam objetivos pedagógicos específicos. (1997)

Sendo assim, o filme “Quase Deuses” vem “quebrar paradigmas”, uma vez que um simples carpinteiro é referenciado com sua determinação, persistência e competência. Uma ideologia prática e imediatista chega para afirmar que é possível ir além das teorias exigidas. Não necessariamente Vivian se concretizaria como capaz, se somente tivesse passado por todas as etapas de aprendizagens curriculares, como a conclusão do ensino médio, com estudo da Literatura até a conclusão da graduação acadêmica. Esse exemplo, real, chega para afirmar que os currículos escolares não necessariamente devem ser seguidos à risca, uma vez que o aluno tem capacidade nata de ir além das imposições, dos objetivos específicos.

Um filme extremamente emocionante, de uma realidade que chega para afirmar que é possível e necessário acreditar na educação, no seu crescimento e aperfeiçoamento, com uma sociedade mais justa e igualitária. Com alunos cada vez mais “críticos e reflexivos”, como afirma Giroux, e os professores como “intelectuais transformadores e reflexivos”.


Referências Bibliográficas:

GIROUX, Henry A. Os Professores Como Intelectuais.Porto Alegre: Artmed

Editora, 1997

terça-feira, 13 de maio de 2014

A Sociedade do Espetáculo (Guy Debord)

QUESTÃO PARA REFLEXÃO:

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
COMPONENTE ESTUDOS SÓCIOS ANTROPOLÓGICOS
DOCENTE: KEDMA BARRETO

Quais desigualdades sociais podem ser percebidas no livro A Sociedade do Espetáculo (Guy Debord) numa visão da realidade contemporânea?
Qual a produção de espetáculos nessas relações sociais constituídas no cotidiano atual pode ser percebida em sua leitura que permeiam o universo educacional e que configura um possível conteúdo cultural a exemplo do consumo?


 A sociedade e suas “evoluções” 
Por: Ludemberg Pereira Dantas

            Diante o desenvolvimento socioeconômico cultural presente na contemporaneidade, percebemos no livro A Sociedade do Espetáculo de Guy Debord (1931-1994), a grandeza de uma leitura proporcionando ao seu leitor um novo olhar diante a sociedade e sua existência ao meio.
            Fazendo parte a um universo de diferenças, o homem e suas especificidades a cada instante vivencia dificuldades, essas das quais lhes servem de apoio para a superação e idealização de sua identidade. Em Sociedade do Espetáculo percebemos muitas das desigualdades da realidade contemporâneas, do tipo:
            A indústria moderna: a marca de uma sociedade que constrói e sustenta um mercado financeiro em detrimento de uma garantia estável. É o poder do comércio, da compra e venda de mercadorias, dos serviços em benefícios próprios, da exigência da mão de obra qualificada.
            Uma economia reinante: a imagem de uma sustentabilidade, um desenvolvimento que é tudo, e o fim não é nada, preservando e transformando o espetáculo que não quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.
            A separação generalizada do trabalhador: uma oferta em favor do maior crescimento econômico. Homens e mulheres, que dedicam grande parte de suas vidas nas diversas atividades financeiras, servindo de lucro e de necessidade. Todas suas produções os levam a perderem-se e encontrarem-se.
            Um Isolamento: levando o indivíduo a ocultar-se, no momento que se poderia viver em liberdade, em busca e alcance de seus objetivos, permitindo-se fazer parte de um momento em que o processo técnico o isola.
            A alienação: que traduz o que a sociedade é ou poderia ser, caso ousasse a não se permitir trancar-se na doutrina conservadora do tornar-se favorável para os meios desfavoráveis. Infelizmente, alienar-se torna-se um grande mal constante, sendo preciso uma consciência e busca por uma liberdade transformadora, com o controle para o "melhor servir".
            No caráter educacional, o livro A Sociedade do Espetáculo tem uma contribuição extremamente necessária, no memento que o consumo presente em todo o corpo do livro, oferece um crescimento cultural, levando o leitor a perceber que a sociedade é vítima de um espetáculo, no momento que as cortinas se abrem para negar o que poderia ser de direito, justificando o que pode ser considerado e questionado.
Seja com uma economia política que pode e deve dominar; seja o trabalho visto como a única instância de nascimento da mercadoria; a degradação do ser em ter; o dinheiro como domínio e representação central; uma busca generalizada do ter e do parecer, em fim, todo um processo que nos leva sempre a um “espetáculo”. Assim, conclui-se que a leitura do referido livro, vem para se pensar uma nova educação, uma nova construção intelectual e ideológica, da qual seja de fato construída “A Sociedade do Espetáculo”: sociedade essa que valoriza o indivíduo, sua personalidade, sua liberdade, sua maneira de pensar, agir e sentir; naturalmente. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

O contexto escolar do aluno surdo

O contexto escolar do aluno surdo



Ludemberg Pereira Dantas

Diante o quadro de discussão sobre a realidade dos alunos surdos brasileiros, vemos o quanto que ainda existe uma necessária atenção para garanti-los inseridos em um processo de ensino/aprendizagem, se constituindo como dominadores tanto da L1: (Libras) Primeira Língua, como também da L2: Língua Portuguesa.

Com isso, é possível afirmar que pode sim ocorrer uma aprendizagem efetiva por parte dos alunos surdos, com a escola bilíngue, considerando sempre como uma prática em processo de formação e aperfeiçoamento. Haja visto que a escola de ouvintes deve receber o aluno com sua especifidade de surdez, buscando adaptá-lo as necessidades básicas, levando a vivenciar um ambiente interacional, lúdico e inclusivo.

Para tanto, se faz necessário também que o aluno surdo não perca a vivência dos grupos de apoio aos surdos, que lhes garantem também o desenvolvimento interacional próprio, diversificado, preparando-os e aperfeiçoando-os cada vez mais.

Com o Seminário "Inclusão dos Surdos no Espaço Escolar e no Mercado de Trabalho" realizado no Campus XVI, podemos presenciar os anseios da jovem Videlina em querer estudar, em poder estar sempre em desenvolvimento intelectual, e isso nos faz perceber que é necessário enxergar o surdo como um sujeito normal em igualidade, liberdade e expressão.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Políticas públicas para a educação de surdos


Políticas públicas para a educação de surdos



Ludemberg Pereira Dantas

Os surdos, assim como qualquer outro ser humano, deve ser valorizado por suas especificidades. Levando em consideração as políticas públicas para a educação de surdos, é notável que sempre existe o discurso da inclusão, do respeito ao deficiente, da valorização e criação do espaço apropriado; do acompanhamento. 

Vemos que essa realidade ainda carece de muita atenção; de uma especialização levada a sério; da vontade de interação para com o grupo, que, independente de sua necessidade, deve está inserido no conjunto, em prol da vida, do respeito, do reconhecimento e da valorização do outro.

Deve-se acreditar na defesa de uma sociedade inclusiva, com as devidas necessidades para com os alunos surdos, promovendo transformações nos sistemas de ensino, assegurando o acesso e a permanência de todos na escola, com uma educação de qualidade para todos, com as condições específicas na participação e aprendizagem de todos os alunos, vendo a escola como um espaço que reconhece e valoriza as diferenças.

Assim, concebe-nos o direito de respeitar o deficiente surdo como alguém que mesmo apresentando suas necessidades, é um sujeito sempre em formação, capaz de intervir nas questões socioeconômicas que nos cercam. 

Surdo sim, excluído JAMAIS.

domingo, 13 de janeiro de 2013

RELATÓRIO DE REGÊNCIA: ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III




UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS – DCHT
CAMPUS XVI – IRECÊ / BA.
CURSO – LETRAS – SÉTIMO SEMESTRE
DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III
DOCENTE FELIPPE SERPA

Ludemberg Pereira Dantas ¹

RELATÓRIO DE REGÊNCIA

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III


1.   INTRODUÇÃO:

A sala de aula no estágio oferece ao estudante de graduação em Letras a experiência de sua futura vivência de professor, formado com práticas de leituras, referências teóricas e suas metodologias de ensino.
            O estágio como Regência, é porta de entrada para o aluno vivenciar as experiências adquiridas durante sua formação. Nesse momento, faz-se necessário o domínio de uma postura capaz de suprir as necessidades até então conquistadas. Na certeza de levar o conhecimento para os alunos, o estudante estagiário, passa com o Estágio Regente, a promover suas interdisciplinaridades adquiridas. Nesse momento, a presença da práxis torna-se indispensável, uma vez que se fará jus de seu conteúdo, colocando-o em exercício. No que afirma Selma Garrido Pimenta, tem-se que:

Também, com frequência, se ouve que o estágio tem de ser teórico-prático, ou seja, que a teoria é indissociável da prática. Para desenvolver essa perspectiva, é necessário explicitar os conceitos de prática e de teoria e como compreendemos a superação da fragmentação entre elas a partir do conceito de práxis, o que aponto para o desenvolvimento do estágio como uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da sociedade. [1]

            Buscando promover o Estágio Curricular Supervisionado III, passo a ter a oportunidade de presenciar experiências educacionais na Escola Ruy Barbosa de Irecê, instituição essa que oferece ensino privado de Educação Fundamental I e II. Toda a iniciativa (observação, coparticipação, regência), parte do pressuposto de que a Escola resume o seu papel a ensinar. Assim, passo então a vivenciar essa experiência de professor (estagiário) de Língua Portuguesa, Literatura e Redação.

2.   A OBSERVAÇÃO

Antes de iniciar o estágio como Regência, fez-se necessário o conhecimento da escola juntamente com seus respectivos funcionários. A Escola Ruy Barbosa de Irecê é uma instituição particular de ensino, localizada na Rua Lafaiete Coutinho, 418 – Irecê-Bahia, CNPJ: 03.473.266/001-25, reconhecida pela Portaria nº 2893 – D.O de 15/06/94 oferecendo ensino de qualidade para alunos do ensino fundamental I e II.
De início tive uma conversa com a secretária Zóia Cavalcante de Araújo, falando da intenção do estágio de regência naquele espaço, onde a mesma, muito atenciosa e receptiva, me orienta a procurar a diretora Célia Cavalcante Cerqueira, onde marquei horário para maiores esclarecimentos. Conhecendo a proposta de estágio, a diretora também me recebe com muita atenção, aceitação e incentivo. Obedecendo aos critérios regimentais da referida instituição, passo a vivenciar meu estágio obedecendo às normas padrões já pré-estabelecidas.

Toda escola é regida por determinadas normas que permitem o funcionamento da coletividade. A disciplina necessária, o respeito mútuo e as relações de convivência deve ser garantidas por normas que regulem as atuações de todos os membros.[2]

 Assim, passo a ter conhecimento do espaço, onde se vê um ambiente agradável, arejado, lúdico e interacional. A diretora me orienta a procurar a Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação: Regina Pereira Barreto, para maiores detalhes do estágio e conhecimento das turmas. Nesse momento, me vejo já iniciando as atividades pedagógicas, uma vez que a conversa com a docente me fez refletir da importância em estar diante a sala de aula, uma vez que essa experiência até o momento para mim era carente, pois nunca tinha até então, me deparado com a sala de aula na posição de professor (estagiário) regente de Língua Portuguesa.
Em 18 de setembro, no horário vespertino, inicio as atividades de observação das aulas. De início, acompanho e observo as aulas da professora em três turmas, sendo as séries: 6º B, 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental II. A primeira turma a ser observada foi o 6º ano B, onde a professora me apresenta para os alunos e fala do porque de minha permanência no local, explicando, com muita presteza a minha permanência e necessidade de está ali a acompanhando e fazendo as anotações necessárias durante algumas de suas aulas. Os alunos então, me recebem com muito entusiasmo e alegria, me sentindo muito bem acolhido e certo da responsabilidade de agir com profissionalismo.
No 6º ano B, me deparo com uma turma de 33 alunos. A arrumação das cadeiras obedece ao modelo tradicional, enfileiradas, onde a maioria participa das aulas. “Desde princípios do século XX, temos assistido a um debate sobre o grau de participação dos alunos no processo de aprendizagem”. (ZABALA, 1998, p. 89). A professora passa a chamar os alunos para visto nas atividades de casa, onde a maioria cumpriu o seu dever de estudante. Em seguida, dar orientações sobre o Concurso de Poesia com o tema “O Nordeste que só Rir”, concurso esse com o objetivo de servir de avaliação interdisciplinar para as matérias de Língua Portuguesa, Geografia, História, Matemática, Ciências e Artes, trabalhando a poesia e discutindo o tema em foco. Com isso, destaca-se que:

A interdisciplinaridade é interação entre duas ou mais disciplinas que pode ir desde a simples comunicação de ideias ate a integração recíproca dos conceitos fundamentais e da teoria do conhecimento, da metodologia e dos dados da pesquisa. [3]

 Assim, me deparo com uma atenção especial sobre o evento, que passaria a fazer parte de meu trabalho como professor (estagiário), uma vez que o mesmo passa a está presente em grande parte de minha carga horária do estágio, suprindo as três turmas observadas. Os alunos interagem sobre o tema, dizendo que viu o tema na televisão. Uma das alunas pergunta para a professora sobre o que “ela quer” com a realização do concurso. A professora explica a forma sensacionalista que a TV apresenta o Nordeste, havendo um pequeno debate a respeito dessa imagem estereotipada que o Sertão brasileiro enfrenta.

Para facilitar o desenvolvimento do aluno é preciso utilizar o grupo-classe, potencializando o maior número de intercâmbios em todas as direções. Para isso será imprescindível promover a participação e a relação entre os professores e os alunos e entre os próprios alunos, para debater opiniões e ideias sobre o trabalho a ser realizado e sobre qualquer das atividades que se realizam na escola, escutando-os e respeitando o direito de intervirem nas discussões e nos debates. [4]  

Em seguida, a aula segue com a correção da atividade de casa, onde a professora usa o quadro negro para esse fim. O assunto corrido foi o uso correto do x e ch, com explicações objetivas, como por exemplo, na palavra enchimento, onde a professora chama a atenção da turma e diz que se escreve com ch porque é uma palavra derivada da palavra cheio, sem deixar os alunos com dúvidas, onde os alunos participam da aula e a professora domina a aula com muita ludicidade e participação da turma, apresentado exemplos que trouxeram de casa, seguindo com questionamentos sobre o uso correto das frases afirmativas e subjetivas, e complementação da professora.
Encerrando com o 6º ano B, chega o momento de conhecer a turma do 9º ano, sendo a única turma da escola com a série em questão, composta de 15 alunos, sendo 5 homens e 10 mulheres. A justificativa da professora para todos sobre minha presença fez-se com as mesmas palavras da turma anterior, acrescidas de um relato da importância sobre o vestibular como uma conquista próxima, onde permanecem disciplinados e focados na discussão. Muito bem recebido por todos, passo então a perceber a responsabilidade de está à frente de uma turma composta por alunos jovens.  De imediato, percebo a frase escrita nas camisas “Acredite, corra atas. A única coisa entre você e seu sonho é o seu medo” (Augusto Cury). Com essa mensagem motivacional, percebo o perfil da turma, composta por alunos dispostos a encarar as aulas com muita determinação e objetivos. Permanecendo em silêncio, a professora passa as médias da terceira unidade, onde treze alunos conseguem nota acima da média, e somente dois alunos são reprovados e um dos alunos aprovados questiona a professora sobre o porquê de ela ter lhe atribuído nota 9,9 e não 10,0?! Nesse momento, a professora pede minha colocação e digo que se não foi o merecido dez foi porque a mesma viu que faltou algo a considerar. “O crescimento pessoal dos alunos implica como objetivo último serem autônomos para atuar de maneira competente nos diversos contextos em que haverão de se desenvolver.” (ZABALA, 1998, p. 102). No mais, A aula segue com muita descontração e conhecimento.
 Partindo para o 8º ano, existiu também a explicação da professora sobre o porquê de minha presença, onde todos também me recebem com entusiasmo. A professora Regina pergunta aos alunos quem pesquisou as poesias para o concurso. A maioria responde que pesquisou e outros perguntam como buscar na Internet. Havendo assim a explicação e vendo-se o interesse da pesquisa. A aula segue com correção da atividade, com autores poetas e poesias de Mário Quintana e Carlos Drumonnd de Andrade. Em seguida, a aula continua sobre o uso das figuras de linguagem, onde muitos alunos participam, fazendo perguntas objetivas. Em certo momento, predominam-se algumas conversas paralelas e a mesma pede atenção, voltando ao controle normal de raciocino. Alguns alunos perguntam os significados de palavras desconhecidas, onde consultam o dicionário e também algumas abreviações a exemplo da palavra “Enem”, e a professora esclarece o porquê e a importância da sigla, uma vez que se aproximava o dia do “Exame”.
 Nos demais dias de observação, no 6º ano B foram trabalhados os conteúdos: Oração e Período, com correção da atividade, onde a maioria participou ativamente, permanecendo em silêncio, com poucas conversas paralelas, levantando o dedo, pedindo para falar. A professora houve atentamente as respostas dos alunos, fazendo as considerações cabíveis sobre separação silábica, explicação das palavras dissílabas, monossílabas, trissílabas e polissílabas. No desenvolver da atividade, os alunos questionam sobre as regras das separações de sílabas, dando exemplos. Professora faz leitura de uma história de sua autoria com o objetivo de que “antes de querer é preciso conquistar”, estimulando os alunos a continuarem na concentração da atividade.
Continuando com os alunos do 8º ano, tem-se o registro de uma atividade sobre Autorretrato, tendo como tarefa de casa fazer uma caricatura (somente do rosto), onde o aluno pensaria na imagem que tem de si mesmo, construindo um texto com sua história de vida, do nascimento até os dias atuais, falando somente coisas marcantes e importantes, com data de entrega para 26/09/2012. Outros assuntos abordados foram: Frase e Oração; Locução Verbal; Conjunção; Oração Principal; Locuções Adverbiais; Uso do Ponto (.) e Uso da Vírgula (,), aonde um dos alunos pede exemplos e a professora traz as frases: “Matar não é pecado. / Matar não, é pecado.” Mostrando que ambos mudam o sentido da frase, apresentando a gramática de Farraco e Moura como riquíssimo apoio para os estudos gramaticais. Foi distribuído papel A4 com instruções para produção de um soneto que foi utilizado para treinar a poesia que seria usada para o dia do Concurso. Participei também dessa atividade, onde no fim saiu o seguinte soneto:

Sou um ser humano assim como você
e milhares de pessoas mundo a fora.
Tenho capacidade de raciocínio,
Vivendo em um mundo também das discórdias.

Moro no Nordeste: lugar maravilhoso
com muita gente inteligente, bonita e educada.
Na Bahia, meu Estado, tem muita alegria:
carnaval, futebol, diversidade e gente animada.

Temos uma humanidade com seus valores variados,
prezo para que sejamos sempre
simples, fies, fortes e educados.

Na busca pela igualdade, nesse Sertão querido,
temos garra, coragem e persistência,
lutando por liberdade e não à violência.

            Os alunos se concentraram nas produções, fazendo perguntas sobre os poetas e as regras do soneto, tendo como regra: dois quartetos e dois tercetos (com versos breves) e exemplo de poetas: Ariano Suassuna, Jorge Amado e Patativa do Assaré, muito bem lembrados e admirados pela professora. Na entrega dos testes, os alunos criam expectativas para saberem suas notas. Grande movimentação com os resultados. Muito barulho e bagunça. A maioria comemora a aprovação e uma minoria se entristece pela reprovação. Os colegas procuram saber a nota do outro. Uns chutam a prova pela nota baixa. Outros comentam questões. Uns se abraçam, em comemoração a média alta. O teste apresenta o texto: “Por que ler os clássicos?”, com questões objetivas de orações coordenadas e subjetivas de interpretação de textos. A outra avaliação trás o poema “Motivo” de Cecília Meireles, também com perguntas no mesmo ritmo da avaliação anterior. Outro texto: “Ciao”, de Carlos Drumonnd de Andrade, com perguntas objetivas de crônicas e perguntas subjetivas e o assunto das Orações Adverbiais, Conjunções, ou Locuções Conjuntivas.
Concluindo a carga horária de observação, o 9º ano permaneceu com os seguintes conteúdos: discussão do texto “Eu queria ter e ser”, de Férrez onde por intermédio da professora, um dos alunos me pergunta o que é mais importante: ter ou ser? E respondo: “- muitos dos homens acabam se corrompendo pela busca do ter, esquecendo-se de ser uma pessoa mais humana, onde acabam corrompendo seus princípios, valores morais, ética, educação, em busca de uma alto promoção; então é melhor ser do que ter...” Com isso, a aula segue com uma discussão agradável e educativa. Os alunos se concentram na produção do soneto para participação do concurso de poesia. Um dos alunos pergunta para a professora a diferença de poema para poesia, dirigindo a pergunta também para mim, “explicando que não existe muita diferença, levando em consideração que o poema apresenta versos sem muita rima e já na poesia, é mais comum predominar versos rítmicos”. Frases do tipo: “Não é permitido o uso de celular ou qualquer aparelho eletrônico na sala”, “Mantenha a porta fechada”, “Proibido brincadeiras na sala”, contribuíam para a existência de aulas mais dinâmicas. Produção de texto avaliativo, com relato pessoal, onde a turma se concentra e permanece um pouco também de conversas paralelas. Uma das alunas pergunta a professora sobre o uso dos dois pontos (:), a professora levanta, vai até a aluna e tira sua dúvida. Encerrado todas as observações, passo então para a prática da regência.

3. AS ATIVIDADES NA INSTITUIÇÃO

            Dando seguimento ao estágio como Regência, logo após cumprir toda a carga horária de observação, havendo assim uma aproximação com os alunos, passo então a me envolver com mais afinidade nas aulas. De início, participo das aulas com a coparticipação, levando para os alunos interferências dos assuntos estudados, buscando contribuir no desenvolvimento das aulas, e assim, ganhar mais desenvoltura com os mesmos.
A primeira experiência, que foi marcada de muita emoção, por ser a minha primeira aula na posição de professor, aconteceu no 6º ano B, trabalhando o assunto Sujeito e Predicado. Para isso, parto então para o meu primeiro planejamento de aula, obedecendo ao um Plano de Aula, no intuito de “Planejar a atuação docente de uma maneira suficientemente flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos em todo o processo de ensino/aprendizagem”. (ZABALA, 1998, p. 92). Ministrei, portanto uma aula satisfatória, com contribuição da professora e dos alunos, que se desenvolveram com muita afinidade ao assunto estudado. Em seguida, interajo com a professora na aula de gramática no 9º ano, com o assunto de Concordância do verbo Ser, mostrando dicas para os alunos e exemplos de como usar o verbo. Já no 8º ano, o assunto estudado foi Orações Subordinadas Substantivas, havendo assim um início de um estudo que estaria fazendo parte do plano de aula para as próximas aulas na regência.
Ainda na coparticipação, no 6º ano B, contribuo com a professora na correção da atividade de Sujeito e Predicado, onde a professora chama os alunos para dar visto nas atividades feitas nos cadernos; o módulo apresentava conceitos iniciais de Sintaxe e Morfologia, tendo-se uma aula com muito proveito e dedicação por parte dos alunos, que já se mostraram interessados no assunto. No 8º ano, houve a entrega do trabalho sobre Autobiografia, atividade essa solicitada pela professora e entregue na data prevista: 26/09/2012 e assim, participo escrevendo no quadro os assuntos iniciais sobre as Orações Subordinadas Substantivas, encerrando então a carga horária da coparticipação.
Sabedor da responsabilidade em está frente a uma sala de aula, levado por muita expectativa e ansiedade, passo então, (junto com a professora, colhendo os conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de regência), a me dedicar com mais constância às atividades na instituição na posição de professor (estagiário) regente. De inicio, recebo a relação dos primeiros conteúdos a serem trabalhados nas três séries. Assim, me deparo com a necessidade de preparar as próximas aulas, cada uma nos seus respectivos Planos de Aulas, procurando oferecer uma postura satisfatória, tanto para mim, quanto para os alunos que ali se encontravam.
Seis horas aulas inicias, uma semana, foi dedicada ao planejamento de minha primeira experiência como professor regente. Houve a necessidade de me programar com o ritmo da professora, obedecendo a seu programa de conteúdos já iniciados durante o fim da terceira unidade, época em que os alunos encontravam-se em período de preparação para testes e provas da unidade. Contudo, as aulas deram seguimento com os conteúdos já iniciados com as aulas da coparticipação.
No 6º ano B, ente os conteúdos e planos de aulas programados e desenvolvidos se destacam: Sujeito e Predicado, com aulas satisfatórias, onde foram trabalhados o núcleo e os tipos de sujeito, o verbo, o predicado e as atividades complementares; Gênero Narrativo, discutido os elementos que compõem o texto narrativo, o tipo de narrador e exemplos de textos narrativos, com atividades para aprofundamento; Interpretação de Texto com os textos: “A incapacidade de ser verdadeiro”, de Carlos Drummond de Andrade, “Cinderela: Nem sempre a vida é um conto de fadas”. A lua no cinema, de Paulo Leminski, usando-os como forma de interação na leitura interpretativa dos alunos. Esse momento de interpretação foi marcado de muita satisfação, uma vez que os alunos respondiam a minhas perguntas sobre os textos com uma facilidade admirável, oferecendo atividades tanto de sala como para casa, com o objetivo de estimular a leitura e aperfeiçoar a interpretação; grande parte das aulas foram dedicadas as atividades do Concurso de Poesia, onde produziram seus poemas, levantando discussões sobre o tema apresentado: “O Nordeste que só rir”.
No 8º ano, houve uma grande apreensão de minha parte em ministrar essa turma, uma vez que metade da carga horária foi desenvolvida com as Orações subordinadas substantivas, e sendo elas ricas em classificações, com mínimos detalhes, esses dos quais confesso que não estava tão familiarizado com o assunto, passando assim a encarar essas aulas como um desafio, buscando estudar o conteúdo de forma a ganhar mais confiança e oferecer o máximo de conhecimento possível. No fim, a professora e os alunos ficaram satisfeitos e eu me percebi também pronto a encarar novas provocações, percebendo que esse é o papel do professor: se dedicar o máximo que puder para oferecer aos seus alunos o melhor do que eles merecem. Percebi grande interesse por parte da turma, onde a maioria participou das aulas com frequência, usando da interatividade para debater as frases e demais assuntos que estavam no auge, como Política, por exemplo.
No 9º ano, turma bem atenciosa, com um número considerado de alunos aptos a um bom rendimento, com um ambiente silencioso, agradável, tive a oportunidade de desenvolver uma regência aprazível. Já afirma Antoni Zabala:

Para aprender é indispensável que haja um clima e um ambiente adequados, constituído por um marco de relações em que predominem a aceitação, a confiança, o respeito mútuo e a sinceridade. A aprendizagem é potencializada quando convergem as condições que estimulam o trabalho e o esforço. É preciso criar um ambiente seguro e ordenado, que ofereça a todos os alunos a oportunidade de participar, num clima com multiplicidade de interações que promovam a cooperação e a coesão do grupo. [5]

 Fui bem acolhido pelos alunos do 9º ano, ganhando incentivo também da professora e demais professores da escola, isso por me sentir um pouco apreensivo, por se tratar de minha primeira experiência em sala de aula na posição de professor regente do Ensino Fundamental, e serem eles, os alunos da 8ª série, a turma “batendo na porta do Ensino Médio”. Porém, passo a ter essas aulas também como mais um desafio.  De início, trabalhamos o Arcadismo no Brasil, debatendo sua contextualização, sua arte, seus autores e características, onde assistimos ao vídeo “Arcadismo no Brasil – Literatura: Vestibulando Digital, aula 08”, e apliquei uma lista de exercícios sobre o tema, com questões de vestibulares, no intuito de oferecer a oportunidade de conhecerem o tipo de questões elaboradas pelos Processos Seletivos, discutindo cada questão, o porquê de estarem corretas e erradas. As aulas sobre o Arcadismo ganhou grande parte da carga horária, chegando assim a estudar o assunto com o máximo de aprofundamento possível, discutindo termos essenciais e específicos desse movimento literário, onde foram feito perguntas com direito a respostas nas aulas seguintes, com base em pesquisas mais aprofundadas, contanto também, com as ricas contribuições da professora Regina.
Nas três séries já citadas, todas as aulas foram desenvolvidas com uma grande troca de experiências dos alunos, sendo que eles mostraram-se com uma postura admirável de participação, conteúdo e disciplina, havendo também um pouco das conversas paralelas, da displicência à aula, mas nada que pudesse vir a prejudicar os seus rendimentos intelectuais, e grande parte das aulas foram dedicadas às atividades do Concurso de Poesia, onde produziram seus poemas, levantando discussões sobre o tema apresentado: “O Nordeste que só rir”.

3.   CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desenvolver o Estágio como Regência na posição de aluno graduando em Letras foi para mim um desafio, porém satisfatório. A minha provocação inicial surgiu quando decidir realizar estágio III em uma escola particular. Até então, não tinha estado presente em uma escola privada para atuar como professor (estagiário), isso me fez despertar o interesse em desenvolver um trabalho que correspondesse às expectativas.  
Passando ao conhecimento da escola, seus gestores, funcionários, professores e alunos, percebi que o Estágio Regência traz para o aluno graduando a oportunidade em levar para a prática sua necessidade de atuação.
Contar com o apoio dos profissionais da Escola Ruy Barbosa de Irecê, entre eles a professora Regina, que me mostrou garra, determinação, sabedoria e amor pela arte de ensinar, a secretária Lourdes, sempre atenciosa, a diretora e “pró Célia”, que me recebeu e me incentivou, entre outros, foi para mim gratificante. 
Com o presente trabalho disciplinar, vejo a importância do estudante que decide seus estudos em favor da transmissão do conhecimento. Assim, percebo que ser professor é uma tarefa brilhante, quando se vê que em meio a toda uma mudança social, política e econômica, sua lembrança é indispensável, oferecendo sempre novos caminhos, novos sonhos e perspectivas para seus alunos, esses dos quais sempre se comportarão com suas especificidades, sendo tarefa do professor ajuda-los no que for necessário, conforme afirma Antoni:

Dada a diversidade dos alunos, o ensino não pode se limitar a proporcionar sempre o mesmo tipo de ajuda nem intervir da mesma maneira em cada um dos meninos e meninas. É preciso diversificar os tipos de ajuda; fazer perguntas ou apresentar tarefas que requeiram diferentes níveis de raciocínio e realização; possibilitar, sempre, respostas positivas, melhorando-as quando inicialmente são mais insatisfatórias; não tratar de forma diferente os alunos com menos rendimento; estimular constantemente o progresso pessoal. [6]

Observar, coparticipar, planejar e reger os alunos do 6º B, 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental II da escola citada, foi para mim um crescimento pessoal e profissional, uma vez que a sala de aula oferece ao professor e aos seus alunos, novos modos de agir, pensar seus valores, compromissos, opções, desejos e vontades.
Com carga horária de 45 horas, o Estágio Supervisionado Curricular III, oferece uma metodologia capaz de amadurecer o aluno graduando, foi isso que senti, um crescimento, uma vontade de viver a educação na sua seriedade, no seu reconhecimento.

Os estudos e pesquisas sobre o Estágio Supervisionado como componente curricular têm se realizado de forma mais sistemática nos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino – ENDIPE – e em apresentação de pesquisas e trocas de experiências ocorridas nesses eventos. Tais estudos não são desligados da realidade histórico-social que os sustenta, mas acompanham a compreensão do Estágio no processo histórico dessa disciplina no Brasil. É importante observar que a prática sempre esteve presente na formação do professor. [7]

Concluo e encerro esse relatório na certeza de afirmar que vejo a educação como peça indispensável para o crescimento moral e intelectual de todo homem. Assim, me satisfaço do desafio enfrentado, percebendo que sempre terei que me preparar para está à frente de uma sala de aula, buscando encarar os pontos negativos, as dificuldades, e também, usufruir do prazer maior que tem todo professor, que é ensinar.

REFERÊNCIAS

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37º Ed. 15º Reimpr. Rio de Janeiro: Lucena, 2005. P.672. FARACO & MOURA;

Gramática: Faraco e Moura. São Paulo: Ática, 2004;

NICOLA. José de. Português. São Paulo: 2009;

PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência / Selma Garrido Pimenta, Maria Socorro Lucena Lima; revisão técnica José Cerchi Fusari. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2009;

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução Ernani F. da F. Rosa – Porto Alegre: Artmed, 1998.


  




¹ Discente do Curso de Letras, turma 2009.2, Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas - Campus XVI – Irecê – BA. ludembergpereira@hotmail.com.



[1] PIMENTA, 2009, p. 34.
[2] ZABALA, 1998, p. 116.
[3] ZABALA, 1998, p. 143
[4] ZABALA, 1998, p. 101.
[5] ZABALA, 1998, p. 100.
[6] ZABALA, 1998, p. 98.
[7] PIMENTA, 1994, p. 23.

RESENHA: FERREIRA, Jerusa Pires. Cavalaria em cordel: o Passo das Águas Mortas. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.



RESENHA

FERREIRA, Jerusa Pires. Cavalaria em cordel: o Passo das Águas Mortas. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.

Josafá Alecrim de Almeida ¹
Ludemberg Pereira Dantas


 Jerusa Pires Ferreira é doutora e livre-docente pela Universidade de São Paulo. É autora de inúmeros artigos além de professora de pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP. Começou sua carreira na Bahia, onde se graduou em Letras e se tornou mestre em História Social pela UFBA. Como ensaísta e tradutora é colaboradora da Folha de São Paulo e da Revista da USP, e publica regularmente em coletâneas de livros e revistas nacionais e internacionais. Suas pesquisas abrangem importantes campos de investigação como oralidade, memória, cultura midiática, conto popular, literatura de cordel, novela de cavalaria entre outros temas que concernem à literatura, às artes e à comunicação.
Em “Cavalaria em cordel: o Passo das Águas Mortas”, Jerusa apresenta uma linguagem minuciosa, fazendo referência a grande arte de se fazer literatura com a escrita do cordel. No título 1. Matéria Carolíngia ou do Cavaleiresco Épico, a autora segue com uma percepção admirável, apresentando uma sistematização sobre a matéria cavaleiresca na literatura popular do Nordeste.  Trazendo uma discussão sobre a ausência das novelas cultas ibéricas e seu ciclo carolíngio no sertão brasileiro, referindo-se ao período de Carlos Magno (grande imperador romano do Ocidente), precursor de conquistas, reforma educacional, administração, cultura, artes e Renascimento.
Com traços de uma literatura transformadora, o material citado é exemplo de referencia cultural, quando por assim dizer, traz a presença de Amadises e Clarimundos, junto à “alma portuguesa”. Assim, surge uma análise do dizer ficcional juntamente com a realidade, a ponto de se misturarem.
Rei Artur, uma figura lendária britânica também é referência de Jerusa. Presente em contos e poemas britânicos, o rei Artur aparece como um grande guerreiro que defende a Grã-Bretanha dos homens e inimigos sobrenaturais ou como uma figura fascinante do folclore. Uma figura marcante na criação deste tipo de literatura popular, que é o cordel.
Na medida em que surge a palavra, junto com ela seu signo linguístico, tem-se a necessidade de expressão. O texto, reunindo traços e marcas ideológicas, apresenta em seu corpo uma viagem em busca da imaginação. Fato verídico ou ficcional, a palavra vem para comunicar e assim, a linguagem não mais deixa de existir. A literatura culta e popular é exemplo da união de textos poéticos, reunindo prosa, retórica, valores, a todo um processo de crítica do Nordeste brasileiro.
O texto-cordel, na sua infinita análise, recebe uma complexa condição do narrador, consoante a traços de poeta e sua tarefa mágica de poetar. Zumthor (suíço), outro grande teórico lido por Ferreira, está presente no seu texto, quando chega para distinguir a obra literária da folclórica.
Na maioria das vezes a transposição prosa-verso, de textos folclóricos, apresenta de forma sintetizante, isso acontece também com os  contos populares, exemplo  do folheto Roldão no Leão de Ouro. Seja o poeta mais ou menos expressivo fielmente, seguem a uma intertextualidade, trazendo para suas produções, um trecho ou episódio ainda não explorado. Assim, preza-se e valoriza-se a arte de poetar. Valoriza-se a imaginação, a busca pela manifestação de uma inquietude, que através das palavras, florescem novos caminhos, novas perspectivas.
Outra questão importante levantada pela autora é o folheto versus matriz, em que ela traz a discussão sobre a criação do poeta popular, servilismo e o discurso matriarcal, dialogando-se com Cavalcante Proença, Ferreira apresenta um exemplo de folheto, As Traições de Galão para refletir sobre as transcrições da matriz, que embora haja um servilismo ou desenvolvimento servil, o texto ainda assim continua sendo criação. Dessa forma a autora apresenta uma necessidade de comparação ou confronto no qual ela chama de cotejo, compara o texto-matriz com o advento dos folhetos.
O texto matriz tem como característica uma continuidade cultural. Ligando presente a passado, fazendo mediação ao texto matriz e à intertextualidade, o poeta usa dessa continuidade para expressar suas emoções, dores, desejos, sonhos. Assim, criam-se depoimentos, trazendo uma poesia sertaneja. Uma literatura de cordel que encanta dar voz e liberta.
Outro fator importante a ser ressaltado, é o da oralidade, que nos remete a memória, a tradição oral, que aos poucos está sendo sujeitada ao texto escrito ou a própria matriz. Portanto, percebe-se que a produção popular está cada vez mais associada a poética dos folhetos.
A literatura de Cordel do Brasil centra-se na oralidade, cuja origem é rural e tem como matriz as narrativas pertencentes ao romanceiro Ibérico, “as formas-matriz dos versos da Literatura de Cordel são indubitavelmente de origem ibérica” (RUSSEINE, 1977, p.129), que nos faz lembrar a expressão “reconnaissance”.
O cordel relaciona com valores e crenças, assim também com outros discursos, seja da mídia, política, utiliza de recursos ideológicos para manifestar as visões de mundo. No gênero do cordel chama a atenção para estes recursos, que têm como característica aproximar os leitores para este universo de valores, que está sendo apresentado numa troca recíproca, para tanto estes recursos são de grandes significações para os discursos heterogêneos. 



¹ Discentes do Curso de Letras, turma 2009.2, Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas - Campus XVI – Irecê – BA. josafarts@hotmail.com, ludembergpereira@hotmail.com.

ENSAIO DOS CORDEIS: Aposentadoria de Mané do Riachão e O Rádio ABC (Patativa do Assaré).


ENSAIO DOS CORDÉIS: Aposentadoria de Mané do Riachão e O Rádio ABC (Patativa do Assaré).

Do ABC à aposentadoria

Ludemberg Pereira Dantas

Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. Foi o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com Dona Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou “Inspiração Nordestina”, em 1956, “Cantos de Patativa”, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel.
Diante a uma inquietude com o estudo da linguagem, buscando estudar suas especificidades, com novas perspectivas analíticas, passo a me dedicar à construção desse ensaio com o objetivo de despertar, através de versos cordelistas, uma visão crítica e reflexiva no que se diz respeito ao “significado da palavra e reconhecimento da região Nordeste brasileira”.

Ao aproximar-se da chamada Literatura de Cordel não se pode deixar de pensar na referência Literatura Popular. Está-se consciente da precariedade de distinções já tão colocadas entre literatura popular e culta, como é o caso de outras formas de expressão artística, vendo-se sempre aberta a possibilidade de uma se transformar em outra, sucessivamente. Tem-se, além disso, a percepção de estar diante de texto-letra, que se oferece como resultado de um complexo percurso sociocultural, equilibrando-se entre os andamentos de vai e vem do culto ao popular e vice-versa, em alternâncias.[1]

Vivenciando a literatura em suas diversas formas, tem-se que a literatura de cordel, bem como uma poesia popular capaz de surpreender e despertar atenção apresenta o poeta e sua rica característica de glosar. Assim, valoriza-se a arte do poeta e sua poesia popular nordestina.
 Aposentadoria de Mané do Riachão e O Rádio ABC são cordéis de cunho regionalista, os quais despertam com suas linguagens simples, relatos que significam um “sertão e um povo sofrido”, quando em consonância a uma imagem estereotipada de um ciclo da seca, que apresenta uma série de realidades, essas das quais qualifica e desmitifica suas histórias. 

Seu moço, fique ciente
De tudo que eu vou contar,
Sou um pobre penitente
 Nasci no dia do azá,
Por capricho eu vim ao mundo
perto de um riacho fundo
no mais feio grutião
e como alí fui nascido,
Fiquei sendo conhecido
Por Mané do Riachão. [2]

            Seu Mané do Riachão, homem simples, na busca de sua aposentadoria, é a representação do homem do Nordeste, vivente do Sertão, homem do trabalho pesado e da fé. Já em O Rádio ABC, tem-se a representação desse Sertão que Patativa do Assaré simboliza como marca dessa vivência marcante, que somente o homem do Nordeste é capaz de expressar:

                               Vejo que o nosso Nordeste
Ê mesmo a terra da fome,
Onde o matuto não veste,
Onde o matuto não come.[3]

            Assim, o nordestino é representado com traços de misérias, fome, injustiças sociais, atraso, revoltas. Durval Muniz de Albuquerque em A Invenção do Nordeste e outras artes destaca:

Um Nordeste construído como espaço das utopias, como lugar do sonho com um novo amanhã, como território da revolta contra a miséria e as injustiças. Um lugar onde a preocupação com a nação e com a região se encontrava a preocupação com o “povo”, com os trabalhadores e com os operários. [4]

Contudo, uma imagem estereotipada esconde o nordestino como ele realmente é. Um povo, que na sua humilde realidade é dono de diversidade, cultura e raça. A linguagem presente em cada palavra, seja ela rítmica ou não, surge da necessidade de um “ABC” para nosso povo pensar:

                Pranta com munto prazê,
Com munta sastifação,
Proque no rádio ABC
Que comprou de prestação
Todo momento que liga,
Além de munta cantiga,
Escuta uma voz falá,
Uma voz dizendo: «prante,
Que o governo garante».
E o seu desejo é prantá.[5]

Esse nordestino carente, plantador, vivente da seca, trabalhador da enxada, do plantio, do pôr do sol, sustentado do feijão e do mungunzá, cheio de fé e esperança, necessitado em sua linguagem, é vítima do “Poder do Estado”, esse que usa da alienação, da falsa ideologia, deixando-os a mercê de dias melhores:

                Este rádio é mentiroso!
Eu só vendendo este diabo![6]

Sempre entrano pelo cano
E sem podê trabaiá,
Com sessenta e sete ano
percurei me aposentar,
Fui batê lá no iscritoro
Depois eu fui no cartoro
Porém de nada valeu,[7]

A certeza de uma vida sofrida, da desilusão. Assim prega-se também o nordestino: homem forte do Sertão. Lugar de estereótipos construídos como essenciais. Perguntas que não querem calar, com seus problemas sempre em foco. Um Nordeste rebelde, bravo, primitivo. “Como as palavras se relacionam com o mundo?” Tudo na linguagem é uma questão de falante e contexto. Com isso, percebe-se nos presentes cordéis a presença/ausência de uma linguagem, essa da qual significa o nordestino bravo e também carente; um Sertão rico e ao mesmo tempo pobre.

                Veja que negoço chato,
O que foi que aconteceu,
Vendeu o argodão barato,
Que tanto trabaio deu!
Aquele bom camponês,
Com as comprinhas que fez,
Nem um centavo sobrou,
Ficou de bôrsa vazia,
Pensando na garantia
Que o rádio tanto falou.

Sem tê no borso um tostão
Vorta o caboco da praça
Pensando em seu argodão
E incabulado, sem graça,
Quando chega na paioça,
Vai derruba nova roça
Pra ôtra safra fazê,
Bem sisudo, resmungando,
Chingando e desconjurando
Aquele rádio ABC.[8]

O sujeito constituído da falta de linguagem, se deixando levar pela falsa pregação, torna-se “uma peça” de um sistema impiedoso. Assim, faz-se necessário o domínio prévio de uma informação, com uma busca incessante da palavra, do seu significado. Em busca de sua aposentadoria, seu Mané do Riachão se depara com tanta burocracia que acaba vivendo sem o seu direito que lhe é garantido por lei:

                Veja moço, o grande horrô
Sei que vou morrer depressa
Bem que a cigana falou
que eu nasci foi de trevessa
Cheio de necessidade
Vou viver da caridade
Uma esmola cidadão
Lhe peço no santo nome
Não deixe morre de fome
O Mané do Riachão[9]

Assim, Patativa do Assaré mostre uma literatura de cordel com uma poesia popular nordestina de um caráter encantador. Valoriza a arte de escrever, junto com ela, sua intensa capacidade analítica, expressando uma linguagem rica e promissora. Nota-se nos cordéis citados, a existência da oralidade, essa a qual permanece fixa em cada verso, juntamente com a rica combinação de rimas métricas específicas, dando embelezamento e sutileza ao estilo desse grande poeta de nossa cultura nordestina brasileira.

REFERÊNCIAS:

FERREIRA, Jerusa Pires. Cavalaria em cordel: o Passo das Águas Mortas. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993;

JÚNIOR, Durval Muniz de Albuquerque. A Invenção do Nordeste e outras artes. In: Capítulo III, Territórios da Revolta. Editora Cortez, 2006;

http://opovonalutafazhistoria.blogspot.com.br/2011/06/o-radio-abc-patativa-do-assare-poesia-e.html;

https://sites.google.com/site/joaomarialopes/poesia-1.



[1] FERREIRA. p. 11/12, 1993
[2] Aposentadoria de Mané do Riachão (Patativa do Assaré).

[3] O Rádio ABC (Patativa do Assaré).

[4] JÚNIOR, 2006, p. 183/184.
[5] O Rádio ABC (Patativa do Assaré).
[6] Idem.
[7] Aposentadoria de Mané do Riachão (Patativa do Assaré).
[8] O Rádio ABC (Patativa do Assaré).
[9] Aposentadoria de Mané do Riachão (Patativa do Assaré).