segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ENSAIO DO CONTO: As Marcas do Fogo (Aleilton Fonseca)


ENSAIO DO CONTO: As Marcas do Fogo (Aleilton Fonseca)

Ludemberg Pereira Dantas

Da construção de uma vida para o caminho da perda no amor

Aleilton Santana da Fonseca é um escritor baiano que nasceu em 21/07/1959 em Itamirim, na Bahia. Casado e pai de dois filhos, é poeta, ficcionista, ensaísta e professor universitário. Na adolescência, vivida em Ilhéus Bahia, Aleilton já começava a escrever e publicar seus primeiros textos em jornais. Nos estudos literários (leituras de poemas, crônicas e romances), no Ensino Médio, passa a se identificar mais ainda pela escrita. Em Salvador, vence três vezes o “Concurso Permanente de Contos”, sendo destaque em demais eventos universitários com diversas publicações, nascendo assim um novo e talentoso escritor baiano. Em 1979 forma-se em Letras pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), passando então até os dias atuais a atuar na área de literatura, com diversos trabalhos reconhecidos e de forte influência intelectual.
As marcas do fogo é um conto de 17 laudas de Aleilton que traz como cenário a cidade de Salvador. Um conto urbano, que conta a história e inquietação do jovem Marcos em busca do conhecimento de sua cidade:

“Andava a esmo pelas ruas, um viajante em sua própria terra. A cidade descortinava-se diante de seus passos desapressados, apresentava-se cheia de aspectos. Ele ia provando o sabor de cada vista: parava numa praça, observava o movimento, por um lapso encarava uma ou outra passante” (FONSECA, 2003, p. 75).

Assim, inicia-se um conto em que o escritor busca com que o leitor se debruce com a história de um jovem, que tendo nas ruas um refúgio, uma vontade de conhecer a si mesmo e aos lugares, chega a se deparar sempre com novos desafios e conhecimentos. Andar nas ruas, conhecendo praças, monumentos históricos, o ir e vir de pessoas leva Marcos a uma nova vontade: “Percebera em si um espaço a ser preenchido: depois de tantos passeios nos livros, queria estudar as ruas. Ele estava à procura de algo.” (FONSECA, 2003, p. 76).
            Afinal, o que será que reservava a Marcos todo esse desejo? Todo homem, passa direta ou indiretamente a se forma com o que ouve, vê e sente. Sendo Marcos um adolescente, que carregava consigo todo um encanto pelo andar nas ruas, por viver a cidade, passa a se descobrir a cada momento. Com sua rotina, Marcos se descobre um ser amante, amante de sua existência, mais vazio no amor. Andando pela cidade, o jovem percebe duas moças: “fixou-se numa delas, a morena e esguia. A moça o sintonizou, ambos se encararam. Desviaram-se do olhar recíproco, quase baixando a cabeça.” (FONSECA, 2003, p.77).
            Agora, o rapaz que antes vivia deparado com livros e com o reconhecimento de sua cidade, passa a se envolver amorosamente com uma paixão, essa a qual lhe leva a busca de novos encantos e estigmas. Até então não houve tanta aproximação entre Marcos (baiano) e a morena Clara (mineira). Nas tentativas de aproximação, Marcos consegue um maior retorno correspondido, é quando:

Andando juntos, quase já se tocavam, seus corpos se tateando. Marcos ousou, sua mão quis conquistar a de Clara, mas ela se subtraiu, embora se deixando num toque de peles, os dedos dela escorregando em sua palma, sutis.” (FONSECA, 2003, p.79).

            Tudo que Marcos queria era ganhar a atenção de Clara. Começam os encontros. O rapaz, na sua intensa vontade de conquistar a mulher que lhe despertou, segue com um comportamento eficaz, na intenção de permanecer merecedor do sorriso, da beleza de Clara, que tanto lhe conquistou.
            Firmando um namoro, os dois chegam a passear sobre os lugares da cidade de Salvador, que tanto admiravam. Conhecem então a Ilha de Itaparica, lugar de marcação amorosa para o novo romance, onde se permitem. Com mais liberdade, vivem novos passeios, é quando chega o momento do maior encontro: em frente à porta do Mercado Modelo, lugar de referência artística, admiração e desconhecido pelo casal.
            O conto traz toda uma marcação do que vem a representar o namoro. Sedução, troca de olhares, viagem de mãos tímidas; estratégias. Viria Marcos ser correspondido pelo amor de Clara, uma vez que ele estava envolvido em um “jogo”, onde “Ela detinha as cartas.” (FONSECA, 2003, p.89)?
            Encontro marcado. Marcos vai ao encontro de Clara em frente ao Mercado Modelo na manhã do dia 10 de janeiro de 1984. É quando, o jovem na sua intensa vontade de viver do amor, chega e se depara com uma grande tragédia: “As marcas do fogo se revelavam, escavadas nas rotas das labaredas extintas. Não havia mais o Mercado” (FONSECA, 2003, p.90). Marcos, não mais viu sua grande paixão e sim as chamas, o fogo invadindo aquilo que seria um marco para sua vida amorosa, o local do qual viveria experiência com um grande amor. O Mercado Modelo não mais existia. Clara não mais se fazia presente.
            O que teria acontecido para provocar tal incêndio? Onde estaria Clara no momento de todas aquelas chamas? O fogo que incendiou o coração de Marcos passou a ser marca de todo uma desilusão: ele não mais viria a namorada: “E ele contemplava, de olhar vazio, o lugar do encontro, lá isolado, sem porta... sem Clara... sem nada” (FONSECA, 2003, p.91).
            As Marcas do Fogo é um conto que apresenta vários elementos textuais. Trabalha a questão do fato-ficção, onde, segundo Lejeune:

“A promessa de dizer a verdade, a distinção entre verdade e mentira constituem a base de todas as relações sociais. Certamente é impossível atingir a verdade, em particular a verdade de uma vida humana, mas o desejo de alcançá-la define um campo discursivo e atos de conhecimento, um certo tipo de relações humanas que nada tem de ilusório.” (LEJEUNE, 2008, p. 10).

Até em que momento Clara estaria indo de encontro com os sentimentos de Marcos? Um namoro que veio a se permitir e de repente se transformar em tragédia, com “As Marcas do Fogo” encerrando um amor, uma história, com um rapaz que apresentou durante toda sua vida um comportamento de homem erguido de cultura, vontade de viver e ser contagiado pelas descobertas da vida. Os marcos citadinos.
Um conto que faz referências a nomes da literatura baiana, a exemplo de Castro Alves e Carlos Drummond de Andrade. Faz relações com a memória, levando o leitor a rever sua condição de vida, trazendo lembranças ao passado, uma vez que leva o leitor a viver os momentos da adolescência. Permite também que seja feita a leitura do que venha ser uma vida e sua trajetória: o passado e o presente poderiam e/ou podem ser diferentes?! Todas essas questões são levadas em consideração por Aleilton Fonseca, quando em consonância ao pensamento de Michel Foucault, em seu livro História da Sexualidade, diz:
                                  
"Mas aquele que se preocupa consigo mesmo não deve somente se casar, ele deve à sua vida de casamento uma forma refletida e um estilo particular. Esse estilo, com a moderação que ele exige, não é definido unicamente pelo domínio de si e pelo princípio de que é preciso governar-se a si próprio para poder dirigir os outros, ele se define também pela elaboração de uma certa forma de reciprocidade; no vínculo conjugal que marca tão fortemente a vida de cada um ser idêntico a si como um elemento com o qual se forma uma unidade substancial." ( FOUCAULT, 1988, p. 164).

Marcos e Clara se perderam no tempo: "O que me dói, não foi perder a essência, mas sim ter a certeza de termos nascidos um para o outro e ter deixado isso se perder pelo caminho" (Marcus Viana).
Portanto, é com um viés do reconhecimento do eu, a busca da identidade, a essência do ser, a verdade, o sentimento, as novas descobertas, que Aleilton Fonseca apresenta o conto As Marcos do Fogo, usando uma linguagem clara e objetiva, conquistando o leitor com uma leitura breve, com significados de cultura e marcas de um romance; um amor com poucas conquistas e uma grande perda: o seu fim.


REFERÊNCIAS:

FONSECA, Aleilton. O Canto de Alvorada. Rio de Janeiro: José Olympio, Salvador: Academia de Letras da Bahia, 2003.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

LUDUS E LITTERA. artimanhas da memória. Maria Theresa Abelha Alves. LÉGUA & ME I A: RE V I S T A D E L I T E R A T U R A E DI V E R S I D A D E CU L T U R A L, ANO 3, Nº° 2, 2 0 04.

http://aleilton.blogspot.com.br/p/biografia.html.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MINICURSO: Análise dos discursos televisuais





UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS – DCHT
CAMPUS XVI – IRECÊ / BA.
CURSO – LETRAS – SEXTO SEMESTRE
DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO II
DOCENTE FELIPPE SERPA

Josafá Alecrim ¹
Ludemberg Dantas
Maria Claudinei
Milton Cardoso
Sônia Marlene

PROJETO DE ESTÁGIO II – MINICURSO


  1. ÁREA DE ESTUDO: Linguística.

  1. RECORTE TEMÁTICO: Análise dos discursos televisuais.

  1. PÚBLICO-ALVO: CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) com Alunos do Pró Jovem.

  1. CARGA-HORÁRIA: 40 horas.

  1. APRESENTAÇÃO: Este projeto tem por finalidade a implementação de um Minicurso buscando favorecer o desenvolvimento dos estudos linguísticos através da análise e interpretação dos discursos televisuais. O estudo da análise dos discursos televisuais constitui-se de uma proposta que visa despertar nos alunos um senso crítico, além de proporcionar uma análise de outro elemento construtor de sentido. Assim, tem-se que, a partir das análises dos discursos televisuais, este projeto busca despertar a competência leitora dos alunos, estimulando-os ao hábito da compreensão e interpretação de signos e símbolos linguísticos, bem como auxiliar nas competências argumentativas em suas produções textuais.

  1. CARACTERIZAÇÃO DA PROPOSTA DE ESTÁGIO: Sendo o estágio uma pesquisa, com a experiência em vivenciar o dia-a-dia dos alunos e da sala de aula, buscamos com esse projeto realizar um minicurso em um espaço não formal, no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Irecê, localizado no endereço Rua Piritiba I, nº 53, Bairro Fundação Bradesco, Irecê-Ba, CEP: 44.900-000, especificamente com os alunos do Pró Jovem, com faixa etária de idades entre 14 e 23 anos, que através da proposta e da localização do espaço e demanda dos alunos, o grupo constatou que é gratificante participar de uma educação analítica, onde o aluno possa presenciar nos discursos televisivos uma reflexão crítica, e assim, formarmos uma nova perspectiva da prática pedagógica.

  1. JUSTIFICATIVA:

Os programas televisivos e demais instrumentos de comunicação apresentam um poder de manipulação e formação de opiniões. Em função disso, propomo-nos levantar reflexões conscientizadoras, permitindo um olhar reflexivo e crítico sobre os discursos televisuais.
A partir das observações realizadas sobre o efetivo ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras, considera-se que este, desde muito tempo, trabalha a língua como uma complexa rede de paradigmas fixos a serem seguidos, deixando de explorar o âmbito reflexivo e crítico da linguagem. É em vista de propiciar aos alunos um estudo da linguagem não mecanizado, que este projeto propõe trabalhar a análise dos discursos televisuais em sala de aula, buscando desenvolver a sensibilização quanto à importância de observar e analisar a linguagem em suas diversas manifestações, não somente a leitura do texto escrito, mas de todo veículo construtor de sentidos.
A análise de discursos televisuais em sala de aula torna o estudo mais interessante e agradável, pois une elementos verbais e não verbais, despertam os olhos dos leitores mais ingênuos, fazendo-os perceber que a língua é um instrumento de poder carregado de ideologias. Compreendendo isto, os alunos entenderão que o que leem e escrevem também está impregnado de algum discurso pertencente à sociedade, pois, de acordo com Orlandi (2001, p.103): “não há discurso sem sujeito, e não há sujeito sem ideologia”.


  1. OBJETIVOS:

8.1 GERAL:

Desenvolver um minicurso com foco na análise de discursos televisuais a fim de propiciar uma interação entre as áreas de Comunicação e de Letras, apresentando aspectos referentes à linguagem verbal, a partir de uma perspectiva intertextual de comunicação, refletindo sobre suas características e de que maneira a televisão faz uso dessas apresentações para criar situações alienantes da realidade.


8.2: ESPECÍFICOS:

·         Reconhecer as características dos discursos televisuais;
·         Proporcionar através da dialética (aspectos positivos e negativos) reflexão crítica sobre os discursos televisuais, para desconstruir os discursos alienantes;
·         Analisar a construção do feminino nos discursos televisuais e no pagode;
·         Analisar o discurso político, para desenvolver o senso crítico dos alunos a partir da exploração dos conteúdos político-sociais presentes nos discursos midiáticos;
·         Ampliar a noção de leitura de mundo, para a construção de novos conhecimentos, através dos discursos televisuais, instigando a competência argumentativa destes, facilitando a produção escrita;
·         Apresentar o conceito de cultura visando uma filtragem nos programas críticos e reflexivos.


9.      FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Este projeto de estágio utilizando como instrumento principal a análise de discursos televisuais visa ser um material de grande relevância e contribuição a professores e alunos para os estudos da língua materna, enfocando a importância da interpretação e compreensão da linguagem e do discurso, visto que, segundo Orlandi (1996), “a interpretação de texto, tanto verbal quanto não verbal, é uma das formas de ligar a língua e a história na produção de sentidos, sem esquecer de situar a ideologia como parte do funcionamento da interpretação”. No caso do discurso, este é inscrito em um determinado contexto histórico-social, sendo assim, temos a intenção de informar aos alunos sobre os acontecimentos sociais que os cercam, através dos discursos apresentados na televisão e sua forma de domínio, ao mesmo tempo, percebendo o quanto que é importante o trabalho do professor (formador de opiniões), capazes de entender a realidade e interferir nela. Contudo, apresentaremos vídeos, textos, imagens, diálogos, na perspectiva de mostrar a imagem audiovisual como sendo uma forma de texto comunicativo, que através dos programas, têm o caráter informativo.
                                                                     

  1. METODOLOGIA:

10.1.POPULAÇÃO AMOSTRA: Este minicurso terá aplicabilidade de turmas de alunos do Pró Jovem, do Cras, Irecê - Bahia, através dos alunos graduandos do VI semestre do curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus XVI – Irecê - Bahia.

10.2.INSTRUMENTO DE PESQUISA: É todo material ou meios utilizados, como anotações, fotografias, filmagens, para colher e reunir dados através de técnicas específicas para a realização da pesquisa. Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados para obter informações a cerca do fenômeno estudado. Portanto, nesse projeto os graduandos terão que preparar um ambiente adequado para que os alunos sintam-se à vontade para familiarização, oferecendo conceitos teóricos e práticos capazes de proporcionar novas perspectivas.

  1. CRONOGRAMA:

DATA
Temática e desenvolvimento
CARGA HORÁRIA
13/07/12
(14h00min as 18h00min)
Discursos Sensacionalistas: Apresentar discussões a respeito da história da televisão no Brasil, com exemplo de programas sensacionalistas, através de vídeos, e ao mesmo tempo, destacar a forma como os apresentadores e os receptores se comportam diante das situações.
4 hs

16/07/12
(14h00min as 18h00min)
Programas Jornalísticos (imparcialidade): Mostrar através de vídeos, os programas e as notícias de jornais, analisando e debatendo o discurso que mais representa e condiz com sua real finalidade.
4 hs
18/07/12
(14h00min as 18h00min)
Programas de Auditórios: Analisar com vídeos, casos em que os problemas sociais são apresentados na televisão, criando assim questões de debates, onde o aluno perceba que é necessário uma reflexão e conscientização dos fatos.
4 hs
20/07/12
(14h00min as 18h00min)
O pagode contemporâneo e a representação da mulher: Apresentar vídeos, coreografias, letras de músicas compostas por grupos de pagodes baianos, analisando o discurso atribuído e o corpo da mulher como objeto.
4 hs
23/07/12
(14h00min as 18h00min)
Horários políticos obrigatórios: Apresentar textos sobre o discurso político e discutir suas principais características.
4 hs
25/07/12
(14h00min as 18h00min)
A imagem do professor na televisão: Apresentar através de vídeos, temas relacionados à imagem construída do professor e sua real situação na educação brasileira.
4 hs
27/07/12
(14h00min as 18h00min)
As minorias nas novelas brasileiras: Apresentar casos de preconceito e racismo, com debates, enfocando os negros, os homossexuais, a pobreza, a fim de conscientizar os alunos da realidade e livrá-los de falsos paradigmas.
4 hs
30/07/12
(14h00min as 18h00min)
Os realitys shows: Apresentar vídeos e discussões dos programas que tanto despertam a atenção do público, e como os alienam, socializando e discutindo o texto: O lixo Big Brother. (Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú - Se).
4 hs
01/08/12
(14h00min as 18h00min)
O conceito de cultura: Dividir a turma em grupos. Cada grupo vai ficar com o texto: Você tem cultura? (Roberto Matta). Após a leitura do texto, haverá a discussão do mesmo.
4 hs
03/08/12
(14h00min as 18h00min)
Confraternização
4 hs


Total
40 h


  1. RECURSOS: Lápis, borracha, livros, quadro-negro, papel oficio, gravuras, cartolina, canetas, lápis de cor, figurinos, cenários, cadeiras, cd/dvd, televisão, vídeos, fotos, máquina fotográfica, filmadora, textos, etc.


  1.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BAUDRILLARD, Jean. 1929 -  Telemorfose. Prefácio e tradução de Muniz Sodré. Rio de Janeiro: Manuad, 2004;

BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios sobre Literatura e História da Cultura. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Ensaios Escolhidos I);

GARCÍA Conclini, Néstor. Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade. 4ª ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008. (Ensaios Latino-americanos);

MATTA, Roberto da. Suplemento Cultural do jornal da Embratel. Ed. Especial, Setembro, 1981;

MAINGUENEAU, Dominique.  Análise de Textos de Comunicação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula.  7ª ed. São Paulo: Contexto, 2007;

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso. 6ª ed. São Paulo: Pontes, 2005;

PÊCHEUX, Michel. O Discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 1667;


Sites consultados:

O lixo Big Brother. (Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú - Se):

“BACKLASH” E FRAGMENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NO PAGODE DO GRUPO BAIANO BLACK STYLE. (Por: Clebemilton Gomes do Nascimento):

História da televisão no Brasil:




























Diversidade

Se foi pra diferenciar
Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar
Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença

Que seria do adeus
Sem o retorno
Que seria do nu
Sem o adorno
Que seria do sim
Sem o talvez e o não
Que seria de mim
Sem a compreensão

Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença

A humanidade caminha
Atropelando os sinais
A história vai repetindo
Os erros que o homem tras
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais

Que seria do caos
Sem a paz
Que seria da dor
Sem o que lhe apraz
Que seria do não
Sem o talvez e o sim
Que seria de mim...
O que seria de nós

Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença 


RELATÓRIO DE MINICURSO

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO II


1.   INTRODUÇÃO:


Desenvolvendo a pesquisa no Minicurso, nós graduandos do 6º semestre de Letras, pensamos em trabalhar a linha da Análise do Discurso Francesa, que tem como referência, teóricos, como Michael Pêcheux e Michael Foucault e suas “sociedades do discurso”, uma vez que a Prática Pedagógica está em consonância com a Linguística, e ambas muito têm a contribuir para o desenvolvimento prático-metodológico através da práxis, tanto do professor quando do aluno.
Na perspectiva de estudar o discurso, tivemos como referência a Análise dos Discursos Televisuais. Para isso, nos focamos em elaborar um projeto que correspondesse às expectativas desejadas, com um viés crítico-reflexivo, abordando temáticas em diversos níveis analíticos, oferecendo uma construção e desconstrução do que venha significar ideologia, poder, verdade, palavra, texto, na televisão; buscando uma compreensão do ensino/aprendizado.
“A análise dos valores e princípios de ação que norteiam o trabalho dos professores pode trazer novas luzes sobre nossa compreensão acerca dos fundamentos do trabalho docente, seja no sentido de desvendar atitudes e práticas presentes no dia-a-dia das escolas que historicamente foram ignoradas pela literatura educacional (e talvez possam trazer contribuições para o trabalho e a formação de professores)”. (SILVA, 1997, p. 3).
Tivemos como espaço o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Irecê, localizado no endereço Rua Piritiba I, nº 53, Bairro Fundação Bradesco, Irecê-Ba, CEP: 44.900-000, especificamente com os alunos do Pró Jovem, com faixa etária de idades entre 14 e 23 anos. O Cras é uma unidade pública estatal de cunho educacional, com implantação, organização e consolidação da Proteção Social Básica de Assistência Social, que abriga crianças e jovens carentes da cidade.


2.   A OBSERVAÇÃO

            Houve uma pesquisa de campo, apresentando a proposta à diretora da entidade Vanda Abreu e também a coordenadora Elizângela, seguido de “Carta de Aceite”, em nome da UNEB - Universidade do Estado da Bahia, assinada pelo professor da disciplina Luiz Felippe Serpa e o coordenador do curso de Letras Marielson Carvalho, conforme fomos acolhidos. Passamos então a conhecer o espaço, apresentando o Projeto do Minicurso, os horários e o público alvo, que antecederam a liberação do espaço do CRAS, momento este que foi oportuno para dar continuidade ao nosso trabalho.
            Com formação em Assistência Social, a diretora nos recebeu muito bem e, após explanar sobre a semana mais propícia para o início das atividades, fez questão de conhecer o nosso projeto, confirmando a importância do mesmo e elogiando-nos pela iniciativa. A diretora afirmou que os alunos do CRAS trabalhavam muito com dinâmica, especialmente com dança e jogos, além de participarem de debates sobre assuntos que iam de encontro às nossas propostas. Com o espaço do CRAS à nossa disposição fizemos uma sondagem do lugar breve, porém detalhada.
           Logo na entrada, há uma recepção. Em frente dela há uma sala em reformas, onde funcionará o laboratório de informática. O corredor segue até o fim, abrindo-se para uma grande área de espera. O escritório da diretora fica no fim do corredor, à esquerda; é pequeno e simples. Em frente, ficam os banheiros. O prédio é geminado com outras casas, e a rua não é calçada.
            Da área de espera, fomos para as salas cujo piso é de cimento; o quadro-negro de giz; algumas partes das paredes estavam descascadas. Cartazes simples alertavam os estudantes sobre o perigo das drogas. Em seu conjunto, o lugar é simples.
Contudo, o que nos inquietava era saber que estaríamos ali, contribuindo com a formação da educação daqueles jovens, e para isso, teríamos que nos prepararmos, na preocupação de oferecer um crescimento intelectual e adquirir nossas primeiras experiências com a sala de aula, na posição de futuros docentes.

3. AS ATIVIDADES NA INSTITUIÇÃO

            De acordo o cronograma presente no Projeto, iniciamos nosso primeiro debate em 13/07/12. Antes de abrirmos a discussão com o tema: Discursos Sensacionalistas Televisuais, fizemos uma dinâmica com um barbante para melhor interação com os alunos. Jogava-se o barbante para um aluno e/ou estagiário-graduando, que se apresentava, e consequentemente jogando-o para outro aluno e/ou estagiário-graduando, enquanto o que já estivesse se apresentado, segurava-o no cordão. Dessa forma, todos foram apresentados, segurando a linha, formamos inúmeras estrelas triangulares, a exemplo de “uma teia de aranha”, criando assim um círculo interativo.
               Após apresentar o projeto para os alunos, colocamos o tema do mesmo no quadro-negro, onde fizemos uma breve introdução sobre a história da Televisão Brasileira, com exibição de vinhetas antigas e atuais, como também vídeos abordando o sensacionalismo dos discursos televisuais, citando o primeiro programa sensacionalista da televisão brasileira, “O povo na TV”.
Abriu-se espaço para debater o tema, porém não teve tamanha participação, embora os alunos ouvissem atenciosos. Usamos como metodologia pedagógica, o debate, de maneira que todos pudessem expressar suas opiniões. No entanto, apesar da atenção, os alunos não intervinham no debate de forma reflexiva, o que nos levou a pensar que o assunto era novo para eles. Liberando os alunos para um pequeno intervalo. No retorno dos mesmos, foi exibido o filme “Click”, sobre o poder de manipulação da tecnologia e sua influência em nossas vidas.
Seguindo com nosso cronograma, com data em 16/07/12 e tema Programas Jornalísticos (imparcialidade), fomos recepcionados com mais alunos. Em diálogo, nos primeiros momentos percebemos que eles são carismáticos e comunicativos, transmitindo ânimo, nos entusiasmando para darmos continuidade ao minicurso.
            Foi no clima de alegria e informalidade que levamos alguns minutos debatendo. Relembramos o que foi discutido na aula anterior (a forma como os programas usam de um discurso “apelativo, exagerado, contraditório”, buscando convencer o telespectador de um sensacionalismo), dando continuidade com o tema do dia. Com problemas técnicos não foi possível passar nenhum vídeo, mas fizemos o uso de slides para reforçar as falas. Instigamos os alunos a participarem da discussão, até que sem exceção, eles prestavam atenção e comentavam sobre o assunto, expressando-se com clareza, precisão e grande interesse. Foi um debate muito satisfatório.
Em vista disso, percebemos que a prática da dinâmica poderia ser dispensada para o dia. Não havia dúvida de que eles estavam acostumados a debates e discussões sobre demais temas variados. Isso era evidente na maneira como interagiam entre si e com os graduandos. Ao final, ficamos satisfeitos com a constatação de que estávamos no caminho certo para discutir outras temáticas com os alunos.
A TV é um aplicativo riquíssimo na produção de sentidos. Desse modo, surgiu a necessidade de aplicar no minicurso conteúdos relacionados aos Programas de Auditórios. A intenção da aplicabilidade desse tema foi a de desenvolver a competência dos alunos para analisar e fazer a leitura crítica dos programas que mantêm uma plateia que acabam contribuindo direta ou indiretamente no desenvolvimento do programa. Analisando vários tipos de questões sociais, buscou-se favorecer a interdisciplinaridade, através de discussões e apresentação em slides, possibilitando que os alunos se posicionassem criticamente diante dos temas abordados.
Para contemplar o tema da discussão, foram apresentados vídeos com exibição de vários exemplos de programas de auditório, a exemplo do Programa “Flávio Cavalcanti” da década de 50 e 60 que entrevistava políticos, e José Aberlado Barbosa, o “Chacrinha”. E nos exemplos atuais, citamos Rodrigo Faro e Sílvio Santos, com seus programas interativos e divertidos, como exemplos de apresentadores de grande aceitabilidade do público. Foi referenciada também a presença maciça na televisão brasileira de apresentadores como Faustão, Gugu, Hebe Camargo, Raul Gil, Celso Portiolli, Serginho Groisman, Xuxa, Angélica, Ratinho, Luciano Huck, Jô Soares, Sérgio Malando, Eliana e Tom Cavalcante, todos eles presentes nos vídeos, que, devido a problemas técnicos, não foi possível a amostra como o desejado.
No tocante ao tema, a discussão seguiu com menor tempo proposto pela carga horária, que seria de 04 horas aula, passando então a dedicarmos parte do tempo para a confecção de cartazes e faixas para uma passeata no centro da cidade que se intitulou: "Irecê Grita! - Paz e Justiça de Mãos Dadas", em 20/07/2012, com o objetivo de pedir paz e eximir a violência.
Continuando com os temas abordados, tivemos também a discussão acerca de O pagode contemporâneo e a representação da mulher. No primeiro momento, foram mostrados recortes de vídeos contendo músicas relacionadas à temática. A participação foi quase unânime por parte dos alunos, através de discussões sobre a imagem da mulher, e, consequentemente, as observações relacionadas às letras das músicas apresentadas, que trouxeram reflexões acerca das repetições dessas letras, as quais são vazias, na maioria das vezes, estimulando o ouvinte ao sexo (precoce).
Levamos para os alunos a conscientização a respeito da imagem da mulher, apresentada como um objeto sexual, uma vez que, nesse tipo de música, “se carrega o estereótipo de periguete, fácil e ninfomaníaca”. As grandes gravadoras, muitas vezes não recebem tais tipos musicais, sendo então, a maioria de produção independente. Essas alertas ganharam a atenção tanto dos alunos e das alunas, que permanecerão atentos para as reflexões.
Uma ênfase especial foi atribuída à música “Vaza Canhão”, por remeter-se a um encontro marcado pela Internet, nas redes sociais, com o Orkut, e, no encontro, o homem se decepciona com a naturalidade da beleza presente na mulher, contrárias ao padrão de beleza apresentado pela mídia. Ele se utiliza de um vocabulário chulo, desvalorizando-a, reforçando um estereótipo atribuído à mulher. Por meio desta apresentação em especial, as discussões aumentaram, debatemos sobre questões sociais, políticas e econômicas nas quais as mulheres são inseridas.  
Sendo a música baiana, especificamente o pagode, uma questão de grande discussão e até mesmo polêmica, o conteúdo foi apresentado para os alunos na intenção de abrir uma reflexão ao tipo de letra presente nas músicas, sua melodia, sua coreografia, sua repercussão a nível nacional, no objeito maior de trazer a imagem da mulher, que em muitas das vezes, os grupos baianos as ofendem, com um tratamento desfavorável, vulgar.
Tratando de uma questão moderna, foi feita a pergunta aos alunos: “Quem ouve e gosta de pagode baiano?” A resposta da maioria foi que uns ouvem, outros gostam e outros ouvem e gostam; tanto que, mostraram essa resposta também quando em todos os encontros chegavam com os celulares tocando pagodes com tipo de letras e grupos variados. Assim, foi aproveitado o momento para fazer a análise das letras, um dos objetivos da aula, uma vez que, a televisão não se exime em levar essa “repercussão desacelerada” para o telespectador.
Nas reflexões, foi apresentado que são letras que aborda a mulher como objeto sexual; afetando a criança, as pessoas que não têm noção do que é o bem e o mal; estimulando a pedofilia, a gravidez precoce, o contágio de doenças venéreas (DST); incentivando a violência, o desrespeito. A conscientização existiu também, além das discussões, quando foram apresentados fotos e vídeos com todo um descaso da imagem feminina.
No que se seguem, outros momentos de grandes discussões existiram, com os temas: Horários políticos obrigatórios e A imagem do professor na televisão. Aulas com exposições de slides, vídeos, pequena parte do filme “Escritores da Liberdade”. Teve como debate no primeiro momento a imagem do professor na televisão, discursão que instigou a todos participarem. Foi um momento interessante em que todos comentaram sobre a realidade do professor no Brasil, e como esta profissão sobreviverá em meio a tanto descaso. Inclusive, houve debate sobre a greve dos professores estaduais da Bahia, e analisando este processo, percebeu-se que, nenhuma outra greve demorou tanto como esta, com dados estatísticos de 115 dias de paralisação, contradição quando se diz: “A educação é base da sociedade”.
Depois da análise da imagem do professor no Brasil, foi feito uma pergunta prevista: Quem aqui quer ser professor? Todos responderam que não! Alegando que é uma profissão que exige muito e que não teriam paciência. Foi discutido como a imagem do professor é representada na televisão e considerando sua importância, uma vez que estes são dotados de plurisignificações.
No segundo momento foi discutido o horário da propaganda política gratuita. Este tema foi debatido com bastante ironia por parte dos alunos, pois em unanimidade eles falaram que não gostam deste horário político, mas apresentando alguns vídeos com candidatos bizarros, muito engraçados, eles ficaram atentos para a análise dos discursos políticos, observando o quanto é ridículo a política no Brasil, e que muitos se interessam por esta, por questões econômicas e status.
As minorias nas novelas brasileiras: houve uma preocupação com a metodologia concernente à aula expositiva. Desse modo, ficou previsto nos mínimos detalhes o que se pretendia alcançar com a palestra. Mas, entendendo a aula como uma troca recíproca de conhecimentos, buscamos deixar brechas para intervenções. Nesse ponto, houve a interação e participação dos alunos. O tema, por ser polêmico, foi bastante recepcionado, apesar de que eles conversavam muito entre si, socializando as necessidades sociais, culturais e psicológicas da adolescência.
Foram apresentados vídeos. O primeiro deles foi o de uma entrevista de Jô Soares dada por um esteticista explicitamente racial. O som estava baixo, mas deu a entender que o especialista fazia críticas racistas à moda do negro, especialmente no que concernia ao cabelo. As constantes intervenções do entrevistador Jô Soares, por outro lado, estimulava o esteticista a discorrer racialmente contra os negros, na medida em que comentava o tom racista do ponto de vista dele.
O segundo vídeo mostrava uma ex-esposa acusando o ex-marido de estar tendo caso com uma negra - representada como faxineira na novela Malhação. O papel era declaradamente estereotipado, mas com o desenvolvimento suficiente para a atriz Isabella Fillardis, que é negra. Na mesma novela, tiramos uma cena em que uma tia dizia-se racista e que não permitiria o namoro de sua sobrinha com um negro.
O terceiro vídeo era um apanhado das cenas mais hilárias (e estereotipadas) do homossexual Crodoaldo, personagem da novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva.
Ao término, foi perguntado aos alunos se eles sabiam o que queria dizer a palavra estereótipo. Eles não o sabiam. Perguntamos se havia algo de desagradável nos vídeos assistidos, e todos falaram que eram vídeos racistas: boa interpretação para início de conversa.
Foi explicado então o que era estereótipo, quando o fenômeno foi notado no Brasil, pela primeira vez, e porque os meios de comunicação faziam questão de estereotipar determinados grupos sociais. Foram rebatidas algumas perguntas de duplo sentido (é impossível ao professor, hoje, evitar uma intervenção direta do aluno - o que não deixa de ser didático, desde que o tom não extrapole o bom senso do permitido). De qualquer forma, pudemos perceber que havia uma tolerância entre os jovens quanto à diferença e, se um deles demonstrava o contrário, ele o fazia em tom de brincadeira.
Dando sequência as questões dos programas televisuais, chegou a vez de falarmos sobre Os realitys shows. Foi apresentado um pouco da história desses programas que têm como finalidade, reunir vários tipos de participantes, com diferenças de personalidades, em casas luxuosas para conviverem durante meses confinados, a fim de vermos divergências entre os participantes, ganhando assim à atenção do público e no final se fazer de um, o “vencedor”, que se torna milionário pela preferência dos telespectadores.
A discussão ganhou espaço, quando são programas muitos aceitos por uma grande maioria, como os alunos ali presentes, e também os graduandos e professores do local, que participaram com suas avaliações críticas, a exemplo também do professor Felippe Serpa, professor da disciplina de Estágio Supervisionado II, matéria em questão, e orientador do Minicurso, que estava presente para avaliar o andamento do trabalho.
Foram citados os exemplos mais comuns dos realitys shows brasileiros: Big Brother Brasil, Casa dos Artistas e A fazenda. O debate seguiu com a definição do significado “Realis Shows”, que por contribuição de um dos professores do local, surgiu devido ser o nome de um dos fundadores do programa, que se chamava “Big Brother”. Foi discutido a repercussão que esses programas têm no país, a exemplo do BBB, e o porquê de estar indo para a sua 13º edição. Foi levantado também o poder de manipulação das emissoras com esses programas, que, com vista ao lucro, não medem esforços para mostrar cenas de cunho apelativo, com cenas de brigas, namoro, fofocas, inveja, em fim. Assim, foi despertado que são programas que não têm muito a oferecer a nível intelectual, e que sendo o telespectador manipulado, acaba abraçando a ideia de popularizar e manter uma desculturação.
No encerramento, levamos o tema: O conceito de cultura. Foi socializado no início um pequeno resumo do que significasse “cultura”: tudo aquilo conquistado de modo artificial e transmitido à geração futura para a conservação da espécie. Em seguida, apresentamos a cena de um vídeo que fecha o estágio evolutivo dos hominídeos no filme 2001: “Uma odisseia no espaço”. Era a cena em que um macaco avança contra outro macaco de um grupo rival, erguendo uma clavícula de um animal de grande porte. O macaco mata o rival, tendo consciência de que era um vencedor, soltando grunhidos altos, batendo no peito, assumindo a liderança do grupo, e num gesto simbólico, joga o osso para o alto, que, no cosmos, torna-se um satélite.
A partir daí, ministramos o a aula sobre cultura na abordagem instrumental, com vistas à transmissão de conhecimentos adquiridos para as gerações futuras. Explicamos que, na cena do osso, havia muitos elementos culturais, como a invenção das armas, o preconceito (o reconhecimento de um grupo diferente do que habitava o território) e, naturalmente, a transmissão de conhecimentos, que chegou até o satélite futuro. A cultura era, portanto, isso: acumulação de conhecimentos. Hoje em dia, a diversidade a mantém mais unida, especialmente nos termos que tanto preocupavam os sociólogos do pós-modernismo, assunto que, por ora, não nos cabia estudar.
Encerramos o minicurso com a dinâmica intitulada “Carta de Despedida”, pedindo aos alunos que fizéssemos uma avaliação de todos os encontros, com o objetivo de apresentar pontos positivos e negativos durante todas as aulas. Todos disseram terem gostando de tudo. Para nós, foi marcante a saída de uma das alunas durante essa dinâmica de encerramento, onde percebemos que estava emocionada por termos finalizados. Isso nos gratificou com a certeza de que vale a pena a dedicação e persistência em oferecer o conhecimento, uma vez que o papel do professor é de se colocar diante do aluno, para que ele sinta-se segurança e vontade de aprender. Finalizamos nossas atividades com a música Diversidade, de Lenine.
Socialização na universidade: Foi muito gratificante também apresentar nosso trabalho para os colegas que também estavam reunidos para socializar os momentos vividos durante outros minicursos com outras temáticas, onde expomos relatos de toda essa experiência satisfatória. Assim, finalizamos nossas atividades na certeza de que o professor tem o caráter de informar e essa formação ela é diária e desafiadora.

3.   CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das fases de desenvolvimento do minicurso percebemos que os adolescentes disponibilizam de um potencial muito grande para o aprendizado, sendo atenciosos e questionadores. Isso se deve ao fato de que os temas abordados na oficina são próximos da realidade e são acompanhados por adolescentes, e isso facilitou a dinâmica do minicurso, uma vez que, não houve dificuldades de aceitação. Os alunos interagiram significativamente o que proporcionou a intensificação da capacidade de abstração para a construção de habilidades comunicativas.
Com base nos pressupostos definidos, podemos afirmar que os objetivos foram alcançados, de acordo com as expectativas de cada um de nós. Salientamos, também, que houve mais pontos positivos do que negativos. Trabalhamos com uma turma de alunos acostumados a debates e muito interessados em buscar respostas para suas dúvidas a respeito da educação e da vivência como um todo.
Como trabalhamos os nossos minicursos no ambiente do CRAS, é natural supor que as turmas de alunos variavam de acordo com o dia. Dessa forma, só a partir do segundo dia é que recebemos um maior número de alunos. Visto em seu conjunto, o nosso trabalho foi muito satisfatório.
Percebemos que manter o interesse dos alunos, intervir de forma que as temáticas progredissem e conquistassem confiança, exigiu de nós, estagiários, uma dedicação extremosa, percebendo-nos que devemos e podemos trabalhar as aulas através de reposição de conhecimentos constantes.
Contudo, toda nossa preocupação em levar para os alunos uma Análise dos Programas Televisuais, nos enriqueceu com a certeza de que houve conscientizações sobre os temas debatidos. Presenciamos os momentos de inquietudes, badernas, conversas paralelas, mas no fim, sentimos que nos recepcionaram com a intenção de buscar ouvir e aprender, uma vez que, dia após dia, o número de presentes crescia na frequência.
Além das abordagens dos temas apresentados, as atividades foram permeadas de dinamismo através de brincadeiras lúdicas, vídeos e finalizaram-se com a confraternização entre os graduandos, funcionários do local e os alunos.
Assim, finalizamos mais uma etapa do ESTÁGIO COMO PESQUISA, trazendo-nos reflexões a cerca da importância que o professor tem em se dedicar para oferecer uma educação de qualidade, no momento que o trabalho docente deve ser seguido com responsabilidade e esperança de um futuro melhor.


REFERÊNCIAS

BIANCO, Bela Feldman. A Antropologia das sociedades contemporâneas. Organização e introdução São Paulo: Global, 1987. (Global universitária).

GRIJÓ, Wesley Pereira & Adam Henrique Freire Sousa. O negro na telenovela brasileira: a atualidade das Representações. Universidade Federal do Rio Grande do Sul & Universidade Federal de Goiás, Brasil.

PERET, Luiz Eduardo N. Do armário à tela global: a representação social da homossexualidade na telenovela brasileira / Luiz Eduardo Neves Peret. Rio de Janeiro:
UERJ, 2005.

SILVA, M.H.G.F. Saber docente: Contingências culturais, experenciais, psico-sociais e formação. In: Anais da 20ª Anped, 1997 (disq.).




¹ Discentes do Curso de Letras, turma 2009.2, Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas - Campus XVI – Irecê – BA. josafarts@hotmail.com, ludembergpereira@hotmail.com, mariclau2001bsgb@gmail.com, milton.ocj@hotmail.com, soniamarlenefigueiredo@hotmail.com.