sábado, 14 de agosto de 2010

A outra face - Pollyana Lima

A outra face
Pollyana Lima


Ludemberg Pereira Dantas

Com o lançamento do livro Coisas de Adolescente, Pollyana Lima retrata comportamentos de jovens que estão em fase de formação para a vida adulta. Em A Outra Face, busca despertar a atenção do público adulto-juvenil, envolvendo-se na vida e na história de uma família que tem na mãe seu exemplo de força, perseverança e desafios.

A rotina da família carente se faz presente na família de Amélia, uma senhora de um caráter surpreendente, mãe de cinco filhos: Ana Rosa, Beatriz, Clara, Pedrinho, Zeca e a esposa de Luiz. A família passa a viver seus dias com muita simplicidade, desejos, fragilidades, sonhos e mudanças radicais.

Depois de um passado de sofrimento, por ter que enfrentar conseqüências que a vida proporciona a uma pessoa de família carente, Amélia, com a profissão de lavadeira, dona de casa e feirante, passa a criar seus filhos com muita dignidade, contando com o apoio do esposo, que leva a vida como viajante.

Entre as crianças, tem-se Clara, jovem de uma beleza encantadora, próxima de completar quinze anos, que sonha com a tão almejada festa de aniversário. Menina bela, passa a despertar a atenção na pequena cidade, principalmente a dos rapazes que por ali se fazem presente. É nesse momento que nasce o cuidado da mãe, em ver que a filha apresenta um charme, que ela mesma, quando moça e ainda na vida atual, apesar de todas as dificuldades da vida, também apresenta.

Levantar cedo, acordar as crianças, prepará-las para o banho, o café da manhã e segui-las em direção à escola, ajudar na lição de casa, ordenar tarefas para auxílio doméstico, brincar nas horas de lazer como, por exemplo, as cantigas de roda, fazerem as refeições, todos juntos, sempre todos à mesa, e instruí-los nas orações, lembrando sempre de agradecer a Deus por mais um dia de vida, de saúde, de refeição. Esses são os mínimos cuidados de Amélia para com seus filhos, sempre se preocupando em oferecer a maior atenção na certeza de que sempre está e estará fazendo o papel de mãe, sem nunca decepcioná-los.

Preocupando-se me mostrar que na vida em família deve prevalecer a união e os bons costumes, a autora segue na certeza de que o bom exemplo, a determinação e a humildade são fundamentais para a vida humana.

Tem-se na família citada o exemplo de muitas das famílias carentes presentes mundo a fora. Seja na humildade, nas dificuldades e, acima de tudo, na garra, a história se propõe em mostrar que além de toda sinceridade no homem existe também fragilidades, que acabam gerando marcas que se contrapõem a uma realidade inesperada.

Tratando de valores sociais, políticos, amorosos, a história passa a ser motivo de atenção quando se vê que muitas das problemáticas citadas encontram-se no dia-a-dia da modernidade. Seja a corrupção por parte do político que busca almejar objetivos firmando forças na sua posição social, a problemática dos jovens que sonham com o melhor amor, apenas visando um status, no caso de Clara, que mostra casar-se apenas por interesse, e em especial na rotina da mãe guerreira, que cria seus filhos com determinação.

Preservando os valores de uma vida simples, A Outra Face se firma na idéia de que sempre deve existir a atenção e o carinho, exemplo de forças para seguir a vida. A transformação deve firmar-se na certeza de que vale a pena ser um sujeito digno de respeito. Assim, segue Amélia, uma mãe de família, que depois de toda dificuldade para criar seus filhos com bons exemplos, depara-se com uma mudança transformadora, quando não mais aceita ser maltratada por seu marido, que passa então a espancá-la, devido à fragilidade de entregar-se ao vício do álcool e do jogo. É quando ela, como mulher, torna-se mais ativa para uma recuperação emocional, passando então a ter nas noites, um socorro a sua existência. Uma virada radical em busca de uma sobrevivência, que o destino lhe impõe, ou lhe oferece a seguir.

Amélia muda a sua história e passa a viver como prostituta. Com isso, sua permanência na pequena cidade passa a ser recusada, mas os exemplos de amor e de força de vontade prevalecem, quando em memória, recebe homenagens.

A leitura do livro é destinada aos jovens, pais de famílias, adultos, em geral, a todos que sempre valorizam a vida em família, visando um aperfeiçoamento e os valores que uma união familiar pode enfrentar, percebendo o quanto que é possível o exemplo e a transformação em cada homem.

Eu e Pollyana Lima - Escritora e colega de curso.
Livro: http://www.editorabarauna.com.br/index.php?apg=cat&npr=285

sábado, 7 de agosto de 2010

Impressões de Leitura:

Impressões de Leitura


Triste Fim de Policarpo Quaresma
(Lima Barreto)

Josafá Alecrim de Almeida
Ludemberg Pereira Dantas

A obra Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, leva o leitor a envolver-se nas questões socioeconômicas do Brasil. Primeiro Romance pré-modernista brasileiro, tendo Lima Barreto como um dos principais representantes desse movimento. Passou a ser distribuída inicialmente em folhetins, no período de Agosto e Outubro de 1911, pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, publicada em livro no ano de 1915.

Tendo como foco o nacionalismo, o romance surge com a intenção de dessacralizar o momento político da época em que o Brasil enfrenta com o governo de Floriano Peixoto: a consolidação da República. Policarpo Quaresma, personagem principal criado pelo escritor Lima Barreto nasce como um patriota assíduo do Brasil. Homem culto e sábio, porém sem nenhuma formação acadêmica. Canta o Brasil, suas terras, buscando algo contraditório: resolver os problemas da nação.

Uma figura enigmática, com paródia à Dom Quixote: “um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria pretendendo imitar seus heróis preferidos”. Personagens que vivem em um mundo fora de suas espectativas. Ideários que não vão encontrar.

Tudo que Policarpo tenta fazer dá errado. Sonha por uma nacionlaidade que prime pelas suas tradições, buscando soluções políticas, econômicas e socias. Acreditava, (propondo) que todos deveriam falar Tupi, valorizando assim a permancência dos primeiros habitantes do Brasil: os indígenas, descontruindo a idéia de que o Brasil não tem que se impor à Lingua Portuguesa. Passa a ser ridicularizado e considerado como louco. É levado ao manicômio, porém lúcido. Permanece acreditando num Brasil ideal.

A imagem de um homem que busca na leitura o preenchimento de sua existência. Assim, Lima Barreto dar vida a Policarpo, que passa grande parte de seu tempo enfiado nos livros, dono de uma imensa biblioteca, onde a sociedade o critica dizendo que não o deveria possuir livros. Outra crítica ao persongaem bastante presente, quando decide através de seu companheiro, amigo, o seresteiro Ricardo Coração do Outros, aprender a tocar violão, instrumento considerado popular, mal visto pela sociedade burguesa. Nessa humilde aceitação à música, Policarpo passa a ter nas cordas violinas a sintonia da linguagem musical.

Diante de sua luta em querer implantar no Brasil uma única língua: Tupi-guarani, excluindo a existente sem levar em consideração todo um passado de dominação, ou seja de querer destruir o que já existe, o que já está implantado, Policarpo Quaresma é tido como doido, louco. Ao sair do manicômio desiludido pela não realização de sua utopia, por sugestão de sua afilhada Olga, Quaresma compra e passa a morar num sítio para levantar seu ânimo, onde em seu discurso é muito presente a fala dos portugueses: “terra que se plantando tudo dar” ou com suas próprias palavras “a nossa terra tem os terrenos mais férteis do mundo”.

Uma sacralização de Pero Vaz de Caminha, que constrói um Brasil apto a produzir em favor das terras brasileiras e uma dessacralização de Policarpo, que desconstrói a idéia da perfeição, quando não encontra resultados satisfatórios, que tanto almejava.

Todo patriotismo de Policarpo foi em vão, pois seu fim foi trágico, tentou implantar o Tupi e encontrou o riso, a ironia, a não aceitação. Estudou tudo que falava sobre as terras brasileiras, tendo um acervo completo de informações nacionais, a exemplos de Gandavo, Rocha Pita, Frei Vicente do Salvador, grandes escritores com informações nacionais. Tentou a agricultura e nada conseguiu a não ser a decepção. Em meio a uma sociedade sem idealização, o sonho de Policarpo era fantasia, um mito, assim percebe-se que é impossível conseguir atingir uma origem pura, livre das marcas estrangeiras e do passado.

O grande patriotra permanece na sua busca por um país de valores. Um homem que preza pela melhor qualidade da nação, amigo do presidente da república, tenta proporcionar reformas durante a Revolta da Armada, período em que o o Brasil encontrava-se no governo de Floriano Peixoto.

Um major de sangue, porém nunca de ofício. Como um “lutador” assíduo da nação, o grande Policarpo passa então a fazer parte ao batalhão do Cruzeiro do Sul, o qual segue para as praias do Rio de Janeiro e percebe que não é bem sucedido, quando ver que suas propostas não eram levadas a sério, caracterizado como dono de idéias irrealizáveis, pelo tão Marechal Floriano Peixoto, chegando também a desanimar-se por matar um dos revoltosos.

Uma seguência de barbáries leva o homem que sempre buscou a melhoria para seu país, deixando de lado sua vida, seus amores, seus estudos, para perceber ao fim que tudo se passava de uma ilusão, uma fantasia, como mero reconhecimento: o seu fracasso. Um fim trágico, quando Policarpo Quaresma chega a ser preso, condenado ao fuzilamento, em ordens de seu então magoritário, orgulho e ídolo: o preseidente Floriano Peixoto.

A identidade nacional que até então Quaresma almejava, deixa explícito que o país de um paraíso terrestre é desmascarado. Uma história não contribuida em nada. Uma literatura brasileira do século XX, presencia em Triste Fim de Policarpo Quaresma uma nacionalidade que nasce apenas do desejo ficcional. Grande marco da desscacrlização na literatura brasileira, dentro do nacionlismo. Uma afirmativa ilusória.

Portanto, o ideário almejado por Quaresma, ao invés de irnonia, gargalhadas, deve prevalecer na mente, nas ações do povo brasileiro a valorização de uma gente rica em culturas e valores. Um Brasil que tem muito o que se conquistar, de negros e de crianças que passam fome. Uma identidade sem exclusão. Um povo capaz de vivenciar não um país único e verdadeiro, mas uma nação de brasileiros.

A dupla.

Iracema (José de Alencar)

Iracema (José de Alencar)

Ludemberg Pereira Dantas

José de Alencar, no romance Iracema alegoriza o Brasil versus Portugal, mostrando uma história que por traz vive-se outra história. Como personagem principal tem-se Iracema, índia dos lábios de mel, cabelos longos, pele suave, de uma beleza encantadora, pertencente à tribo tabajara. Martins, representando os portugueses: Brasil (Iracema) e Portugal (Martim).

Alencar representa a imagem do índio como uma sacralização do mito heróico da figura sagrada. Está muito presente o jogo da hospitalidade. O índio é tido como herói, sendo ele considerado herói quando passa a ser rei de Portugal.

A história se desenvolve como “um romance proibido”, quando o encontro final da junção de Iracema e Martim tem objeção pelo pajé (Português), pai de Martim. Iracema leva Martim para sua tribo, oferecendo-lhe comida, mulheres que lhe servissem e guerreiros para lhe defender.

O final de todo esse contato nasce Moacir (primeiro habitante brasileiro), visto como “filho da dor”. Oculta a existência do negro, sendo uma crítica sobre o domínio das terras brasileiras, quando Portugal passa a ter o Brasil como “sua pertence”.

Visto como uma crítica a Identidade Nacional, o romance “desperta e afirma” o quanto que as terras brasileiras “sofreram” e vem sofrendo com a exploração.

Literatura e Identidade Nacional (Zilá Bernd)

Literatura e Identidade Nacional
(Zilá Bernd)



Ludemberg Pereira Dantas

A autora Zilá Bernd, no livro Literatura e Identidade Nacional, apresenta o termo identidade como um processo de permanente transformação. Evidencia o fato de que o homem , em todo um processo histórico “perpetua-se” de uma identidade, transformando o conhecimento, costumes adquiridos, na construção de sua imagem.

Tendo como exemplo o índio, Zilá Bernd o caracteriza como uma imagem sacralizadora, no momento que ele passa a ser considerado com um ser sagrado, puro, vivendo em um paraíso chamado Brasil (com uma natureza bela), sem nada que cobrissem suas vergonhas, portadores de arcas e flechas. Tem os portugueses frentes a uma busca de auto-satisfação: a América.

Zilá faz referência à identidade deixando claro que todo homem para formar a sua identidade é preciso ele aceitar a alteridade (identidade do outro), no momento que afirma também que “a imagem que se tem do outro é algo que se forma sobre si mesmo”.

O conceito de identidade para Bernd é algo sempre em formação. No texto literário, a sacralização surge com o objetivo de construção, levando o leitor a se envolver em um universo de descobertas, conhecimentos capazes de despertar e vivenciar o seu senso crítico. Na dessacralização predomina a desmistificação (desconstrução) do que representa a literatura.

Portanto, com uma visão crítica leva a conhecimento o conceito de identidade, a pessoa do índio, dos portugueses e as noções de sacralização e dessacralização, predominando na literatura o senso crítico.