domingo, 28 de fevereiro de 2010

A ordem do discruso

RESENHA:
A Ordem do Discurso

(Michel Foucault)

Ludemberg Pereira Dantas

Diante uma sociedade moderna, que sempre vem passando por transformações sociais, culturais e econômicas, vê-se quanto o pensamento, a fala e o raciocínio são fundamentais para a construção de uma opinião. No livro A Ordem do Discurso, Michel Foucault discute a questão de que todo homem, na medida em que se qualifica como um ser racional tem consigo a capacidade de raciocínio e informação, a ponto de que, fazendo uso das palavras, busca expor sua necessidade de comunicação, mostrando-o envolvido nas questões que move o saber, o poder e a verdade.

Na maioria das vezes em que o ser humano se encontra diante do seu pensamento, usa de informações e conhecimentos para afirmar o que “acredita ser verdade”; nesse momento o uso das palavras se faz presentes, para assim, reconhecer que, por um determinado momento, é preciso deixar claras as afirmações vindas de fontes seguras e antigas, formando opiniões que no decorrer do tempo qualifica o ser, o espaço e o tempo. Por isso, todo indivíduo, seja ele com um grau de formação primário, médio ou até mesmo superior, apresenta sempre um discurso.

Levado por uma filosofia de que a sociedade sempre dispõe de um discurso, que tem como política a verdade, seguido de poder, Foucault relata a discurso do louco, que diferente dos normais, vem seguido de preconceito, onde a sociedade o tem como um sujeito demente, considerando que suas palavras não apresentam nem verdade nem importância, impedindo-as de serem ouvidas e espalhadas, ao ponto que, quando as são, a sociedade não percebe a sua verdade. Essa visão do louco remota desde a Idade Média, onde sua palavra não era ouvida, e quando o era, era ouvida como uma palavra verdadeira. E na modernidade, esse conceito permanece, mas acabam eles, os “loucos”, ficando ocultos. É nesse momento que todo homem passa por intermédio do discurso direto ou indireto, a construir o seu caráter.

Um fator importante em destaque é a citação: "vontade de verdade, discurso de verdade". No momento em que cada ser usa de afirmações para referir-se a um determinado assunto, já sabe ele que aquele conhecimento não é seu, é fruto de uma conseqüente transformação vinda de gerações passadas, e que por intermédio da disciplina, do saber, transforma a sociedade. Contudo, antes de qualquer coisa é preciso responsabilidade ao se comunicar, na medida em que uma palavra mal colocada, um conhecimento não concreto, transforma o que deveria ser útil em desagradável.

Com mudanças socioeconômicas, a sociedade se transforma a cada instante. Sejam movimentos históricos, religiosos ou políticos; escritos e estudados pela humanidade há séculos, a história do discurso, deixa certo de que cada homem tem consigo a necessidade de se comunicar, havendo assim opiniões e mais opiniões, pois a partir do momento em que uma informação é dita com palavras vindas de conclusões pessoais, o novo aparece, e é nesse novo que a humanidade está envolvida a cada instante. Seja qual for o discurso, na mais humilde de sua realidade é capaz de fazer parte e ao mesmo tempo contribuir para a sociedade, valorizando assim cada instante e cada ser.

Em conseqüência de muitas afirmações, discursos e mais discursos, o Mundo chega a ser o espaço de contestações. Na maioria das afirmações científicas, dos estudos debatidos, chega-se a afirmar que a verdade pouco existe, a ponto que, a cada momento, estar discutindo que algo é verdadeiro e debater diante algo é afirmar que falta muito ainda o que aprender, ou seja, o verdadeiro sempre tem o seu lado questionador. Como o homem foi, é e sempre será curioso, as perguntas sempre existirão, ao ponto que tudo que se diz novo foi velho e o que é velho nunca acabará.

Considerando que o discurso passa a ser uma verdade em constante transformação, a humanidade vem levando em consideração que a cada momento, todo conhecimento que lhe é atribuído é conseqüência de que para viver é preciso um ideal, é preciso respostas e decisões, para assim, construir idéias, solucionar problemas, aceitar as conseqüências e acreditar na possibilidade sempre de um novo.

Colocar-se diante a tanta movimentação social, cultural, tecnológica e religiosa é estar disposto a uma "vontade de verdade". Vontade de ser um sujeito participativo, de aceitar as conseqüências como possíveis providências, de amparar os problemas para possíveis soluções, de questionar os erros para possíveis acertos, de levantar sonhos para esquecidos objetivos.

Todo indivíduo que passa a escrever de fato o que pensa, é considerado um ser existente de idéias, de argumentos, que tem como objetivo transformar ou até mesmo mostrar sua realidade. Buscando o saber, a disciplina é formada de afirmações verdadeiras e falsas, essas que estão sempre a mercê de discursos, e que assim, classifica a educação como nascente de idéias.

É preciso buscar entender a sociedade, discutindo sempre as questões que move o Estado, para assim poder usufruir de uma Ordem, essa, que venha favorecer a todos, excluindo a corrupção, o preconceito, a miséria, a violência, que amedrontam. Portanto, é na certeza de que o discurso é importante, que cada indivíduo deve participar ativamente na esperança de melhores condições de sobrevivência.

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