sábado, 24 de setembro de 2011

A adaptação fílmica, a questão da tradução em relação ao poema “O caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade



A adaptação fílmica, a questão da tradução em relação ao poema “O caso do vestido”, 
de Carlos Drummond de Andrade


Ludemberg Pereira Dantas


A Literatura atravessa outras artes, “ganhando sempre mais vidas”, a ponto de se inserir na sociedade como peça fundamental para a construção e formação de uma identidade.

No cinema, é muito comum se vê grandes obas apresentadas nas telas, com toda uma montagem e aparelhagem, com som, imagem, um corpo de atores, atrizes, diretor, em trabalho na representação cinematográfica.

Partindo dos conceitos de Sílvia Maria Guerra Anastásio, em seu texto “A adaptação fílmica, seu mitos, a questão do feminismo e do olhar”, percebemos que existem muitos mitos em relação à adaptação de um texto literário para as telas do cinema, entre os quais, destacam-se: o mito de que, assistir ao filme torna-se uma leitura mais fácil do quer ler o livro; o mito de que é muito mais fácil produzir o filme do que escrever o livro, e também, o mito de que o filme é “dedicado a um público elitizado”, enfim. A autora segue suas afirmações na intenção de desmitificar ideias que antes e ainda em questão possibilita ocultar verdades na relação da adaptação do livro para o filme e vice-versa.

Em relação às críticas de Haroldo de Campos, em seu texto “Da adaptação como criação e com crítica”, o autor se propõe a fazer uma desconstrução no que se refere a ideia de fidelidade, no momento que o autor, com sua flexibilidade afirma que não existe um “caráter próprio do real” assim, todo obra, sendo ela traduzida seja para outro idioma, ou até mesmo outros meios de interpretação, como a pintura e demais artes, sempre irá perder o seu original, até porque não existe original na literatura e sim novas formas, novos significados. A ideia de original é uma percepção atrasada. O autor também argumenta a respeito da tradução como uma recriação; faz referências à tradução como crítica, no momento que possibilita o autor ou até mesmo o leitor a excluir as repetições de um texto para outro, nascendo assim novos signos linguísticos.

Ainda citando Haroldo de Campos na tradução intersemiótica, é possível fazer uma intertextualidade com o poema “O caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade em conjunto com o processo de adaptação realizado no filme “O Vestido”, de Paulo Tiago. Assim, é visto uma obra passando por diversas adaptações, como o poema, o filme e até mesmo o livro, já publicado.

A relação que se obtém em referência ao poema, é de que se trata de um verso longo, distribuído em frases pequenas. Já o filme, tem-se a imagem da mulher fatal, a dono de longe, Bárbara, que no seu ato de “perversidade” tenta acabar e se envolve com o amor de Ulisses, um sujeito dotado de fragilidades, esposo de Ângela, uma professora e mãe de família dedicada e fiel. A história se constrói, quando Fausto, um amigo do casal (Ângela e Ulisses), usa de seu status financeiro, de seu tão almejado “poder” em busca de um amor não correspondido por Ângela. Assim, Bárbara “conquista Ulisses”, que retoma ao inicio de sua história, voltando para casa, sua mulher e suas duas filhas. Bárbara e Fausto são fracassados, mostrando que o poder também não existe na literatura. Tem-se no contexto da história os corpos das mulheres em “jogo”, juntamente com o vestido, um objeto simbólico.
 
Portanto, os presentes autores, as presentes afirmações, conceitos e obras, nos enriquecem com a certeza de que a literatura sempre terá o propósito do novo, garantindo e nos fazendo sujeitos ativos de um aprendizado sempre em processo de transformação.

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